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Colaborador transgênero da TVE tem nome civil reconhecido pelo RH Bahia

Genilson Coutinho,
12/11/2019 | 10h11
O colaborador transgênero Lucca Lima Barbosa, 26 anos, com formação acadêmica em Gestão Pública, teve o seu nome civil reconhecido pelo RH Bahia. O servidor da TV Educativa (TVE), emissora do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), órgão vinculado à Secretaria da Educação do Estado, atua como técnico orçamentista da Coordenação de Planejamento e Orçamento na empresa pública. Ele obteve a conquista depois que teve seu nome retificado, por meio de um novo registro civil.
Lucca fala sobre a emoção que sentiu quando sua nova identidade foi publicada no RH Bahia, no dia 6/11. “Foi uma conquista muito importante para a minha autoestima. Hoje me sinto mais seguro e, principalmente, mais feliz. O processo de retificação do nome foi via cartório. A procuradora do Ministério Público da Bahia, Dra. Lívia Vaz, me auxiliou no processo todo. Depois de duas semanas recebi meu novo registo, assim pude dar entrada no novo RG, CPF e Carteira de trabalho”, relatou ele, que trabalha na TVE desde maio de 2017, quando ainda usava seu nome de batismo. Seu registro foi retificado em agosto de 2018 e, no mês seguinte, seus novos documentos já estavam em suas mãos.
O dia da publicação, conta, foi um marco na sua vida. “Todos os meus colegas do setor vibraram. Na mesma hora, solicitei meu cadastro no Sistema Integrado de Planejamento Contabilidade e Finanças do Estado e no Sistema Eletrônico de Informação (SEI)”. Ele conta que é o caçula da equipe, no seu departamento. “Meus colegas sempre foram meu maior suporte nos momentos difíceis. Inclusive, gostaria de agradecer os colegas Nádia, Gal e Josenil e o meu coordenador, Sr. Passos, que me deram aqui na Bahia uma família. Sou natural do Paraná e vivo aqui há sete anos. No início do meu tratamento hormonal, tive vários momentos difíceis, porque ficava ansioso, nervoso, tinha picos emocionais e eles foram compreensivos comigo, me estimulavam a não desistir da faculdade e do trabalho. Sempre digo que a CPO (Coordenação de Planejamento e Orçamento ) foi um dos meus maiores presentes da vida”, relata.
Ele destaca que é doloroso para alguns transgêneros/transexuais a exposição do nome de batismo, porque traz lembranças nem sempre boas. “Muita gente pergunta o nome de batismo e é algo que, como já disse, traz muita dor para a maioria da população trans, mas eu não tenho problema em dizer que meu nome de batismo é Amanda, que significa ser digno de ser amado e vou carregar esse significado para sempre em minha vida. Agora meu nome verdadeiro, que eu pude escolher, e que tem minha cara, tem também um significado lindo: ser de luz, o iluminado, espero que assim seja, que eu possa ser luz na vida das pessoas”.
 Lucca ressalta a importância de falar sobre o assunto. “Eu não gosto de dar entrevistas, mas achei necessário este momento com a Secretaria de Educação porque, para mim, é o local mais importante quando se fala em formas de enfrentamento à violência, pois a educação transforma. Todas as vezes que alguém tenta me atingir de alguma forma, eu penso:  poxa, que frágil é a educação de alguém que me faz ser protagonista de sua vida, ao invés de produzir algo que agregue ao seu próprio intelecto”.