Co-vereadora Laina Crisóstomo chora em púlpito na Câmara, após evangélicos tentarem barrar trecho sobre LGBTs de projeto

Genilson Coutinho,
02/12/2021 | 09h12
Foto: Divulgação

Durante a Sessão Ordinária que aconteceu na tarde desta quarta-feira (01/12) na Câmara Municipal de Salvador (CMS), a mandata coletiva Pretas Por Salvador (PSOL/BA), debateram acerca do Plano Municipal para Infância e Adolescência e Plano de Cultura, esses que trazem pautas necessárias como o ensino sobre direitos sexuais reprodutivos para crianças e adolescentes e também sobre a comunidade LGBTQIA+ no plano de cultura.
A Sessão tinha como foco a votação para o Plano Municipal para Infância e Adolescência a PL 33/2020 e Plano de Cultura, que foi adiada para a próxima terça-feira (07). Emocionada, Laina mencionou a luta enfrentada pela comunidade LGBTQIA+ para não serem mais compreendidos como doentes.
_ “Até 31 anos atrás, mulheres lésbicas eram tratadas em clinicas com estupro corretivo, para serem curadas de algo que não é doença. Vocês não sabem o que é isso, pois não sentem na pele todos os dias a violência que a LGBTFobia nos causa. Vocês não tem problemas em sair de mãos dadas com seus companheiros e companheiras, não são ameaçados de morte pela orientação sexual que vocês tem. E eu não fui influenciada por comportamentos LGBT, eu faço parte dessa comunidade porque eu amo mulheres e eu sou diversa. Não sou doente, não estou errada e eu não sou pecadora”_, disse ela em uma fala em meio a lágrimas.
Na ocasião, a co-vereadora do coletivo, Laina Crisóstomo apresentou dados alarmantes sobre a gravidez na adolescência de jovens baianas e sobre o abuso sexual infantil, atrelando essas evidências a importância de ter educação sexual das escolas.
“Não se faz enfrentamento a violação de direitos humanos sem ter conhecimento. As nossas crianças e adolescentes precisam ouvir e saber o que é abuso, violência e o que são direitos sexuais reprodutivos. Sendo a única parlamentar assumida LGBT nessa casa, pra mim é e sempre muito difícil tentar entender qual é o dilema e o problema com a sigla LGBT, se não LGBTFobia, invisibilidade e apagamento das nossas histórias”, disse a parlamentar.
A bancada evangélica da Câmara Municipal é contra a inclusão do público LGBTQIA+ entre os contemplados da matéria. A vereadora Débora Santana (Avante) disse que a bancada “respeita a orientação sexual de cada um, mas que não tem como compactuar com algo como cristãos”. Em resposta, Laina contrapôs: “Vereadora Debora, existe sim cultura LGBT. Existe direito LGBT, existe saúde LGBT e várias áreas. Não somos uma sigla apenas. Nós existimos”, disse.
A postura da bancada evangélica também foi criticada por toda a oposição, incluindo a líder do grupo, vereadora Marta Rodrigues (PT).