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Cinco dicas de como cuidar da saúde mental na pandemia

Genilson Coutinho,
23/03/2020 | 17h03

Desde que o primeiro caso da Covid-19 foi confirmado na Bahia, os governantes e a população têm procurado formas de se proteger e diminuir o contágio do vírus. Tão importante quanto as medidas que estão sendo tomadas, como o isolamento voluntário, lavar as mãos e usar álcool-gel, é manter a mente saudável para lidar com a pandemia sem pânico e sem estresse. O professor Renan Rocha, Coordenador do Curso de psicologia da UNIFACS, deu algumas dicas para ajudar nesse processo.

1.    Veja a sua casa como um local prazeroso e não como uma prisão

Para quem pode ficar em casa, o ideal é pensar estratégias de autocuidado no ambiente doméstico.  Fazer do lar um espaço dinâmico e agradável, mas também de lazer. De acordo com o professor, esse é um período para redescoberta: dos vínculos familiares, das diversões – que não sejam apenas relacionadas à TV –, dos jogos, das brincadeiras e do desejo de se aventurar gastronomicamente. “É ver a casa como espaço de ajustamento criativo. Viver a casa em sua potência, pensando que há muito para se fazer e não que está preso”, explica.

Apesar dos governantes terem orientado a população a ficar em isolamento, muitas pessoas não têm a possibilidade de permanecer em casa, como é o caso de trabalhadoras domésticas, motoristas de aplicativo, autônomos e pessoas em situação de rua. “Para quem não pode ficar em casa, a dica é acionar os serviços públicos que ofereçam condições de cuidar da sua saúde, como o SUS (Sistema Único de Saúde) ou SUAS (Sistema Único de Assistência Social). Acionar as autoridades, os setores do governo e dispositivos de cuidado para populações mais vulneráveis para obter maiores informações”, comenta Rocha.

2.    Procure fontes qualificadas de informação

Para ele, a pandemia da Covid-19 é uma situação sem precedentes para a maior parte da população. É importante entender a sua gravidade, mas também evitar entrar em pânico. Para isso, deve-se buscar fontes qualificadas de informação, que são notícias divulgadas pelas autoridades sanitárias, pela OMS, pelos centros de pesquisa e pelas universidades. Além disso, é essencial filtrar as informações que são recebidas, principalmente quando não há nenhuma fonte atrelada a elas. “Também é preciso entender que você não precisa ler apenas sobre isso. Precisamos viver outras coisas. O ideal é reservar um momento no dia para se atualizar e depois tentar se concentrar em outros assuntos”, indica.

3.    Continue tendo acompanhamento médico

O estado de isolamento pode ser especialmente prejudicial para pessoas com tendência a ansiedade e depressão. Para conseguir enfrentar essa situação, Rocha aconselha que quem que já têm um acompanhamento, continue fazendo seus tratamentos. “É essencial que as pessoas que fazem uso de medicamento conversem com seus médicos e sigam as orientações”. O mesmo vale para quem é atendido por psicólogo. “Nesse período, o ideal é que o atendimento seja online”.  Além disso, Rocha indica que se intensifiquem os vínculos, especialmente com família e amigos. “É importante não hesitar em pedir ajuda, em reconhecer quando a situação estiver difícil, quando não estiver se sentindo bem. Buscar dialogar com alguém, conversar”.

4.    Tenha uma rede de apoio

Pessoas que moram sozinhas, podem se sentir mais afetadas com o isolamento voluntário. Para amenizar essa sensação, é preciso ter apoio da família e dos amigos, assim como da tecnologia. “Os meios de comunicação vão servir mais do que nunca. Através deles conseguimos construir presença na distância. É imprescindível usar a tecnologia para construir pontes, assim conseguimos vivenciar a situação de forma menos isolada”, acredita.

5.    Tente manter o equilíbrio

O professor Renan considera que existem duas posturas muito prejudiciais atualmente. A de pessoas que acreditam em tudo o que leem, chegando até a estocar produtos em suas casas, e a de pessoas que acreditam que há um exagero. “A melhor forma de conter o pânico é com informação adequada. É preciso assumir ações, mas pensar no outro também. Em pânico a gente não consegue tomar as melhores decisões. Isso é péssimo. Por outro lado, quando achamos que nada está acontecendo, não percebemos que esse tipo de comportamento pode gerar perigo para toda a população e isso pode ter consequências desastrosas”, pontua.