“Cena Queer”: Gênero e sexualidade são temas da 2ª edição do projeto em Salvador

Genilson Coutinho,
23/01/2014 | 10h01

Gênero, sexualidade, desejos e identidade são alguns dos aspectos que norteiam o projeto “Cena Queer” que acontece em diversos espaços alternativos e teatros de Salvador, de 23 de janeiro a 5 de fevereiro. A proposta traz para o público um conjunto de apresentações artísticas de dança e de caráter performático, tomando o corpo como ponto de partida para o fazer artístico.

O projeto que já vem acontecendo desde 2012, desta vez recebe o apoio Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), órgão da Secretaria de Cultura da Bahia, por meio do Edital de Culturas Identitárias que visa apoiar propostas culturais que tenham por objetivo a preservação e a promoção das culturas identitárias afrobrasileira, cigana, indígenas, LGBT, sertaneja, de gênero e etária (infância, juventude e idoso).

As apresentações acontecem no Solar Boa Vista (23/01), Beco dos Artistas (24 e 31/01), Ladeira da Preguiça (25/01), Casa Preta (31/01) e Teatro Gamboa (05/02). A programação conta com as apresentações “RH”, com Júnior Oliveira; “Figura”, com Ricardo Alvarenga; “44”, com Simone Gonçalves, “Merci Beaucoup” com Michelle Mattiuzzi , “São elas os homens de hoje” de Marcelo Souza Brito e “Entre corpos” de Jacson Costa e Jorge Oliveira.

Produtor e autor do projeto, o bailarino e performer Eberth Vinícius explica a iniciativa: “A ideia dos estudiosos queer é positivar o insulto, passando a exaltar o termo como uma prática de vida, que se coloca contra normas sociais excludentes”. Para isso, os artistas envolvidos no projeto mesclam à linguagem da dança, ferramentas provenientes de outras áreas, tais como as artes visuais, a moda, o happening e a música, “a fim de comporem um discurso que faz uso do corpo do próprio do performer como objeto de expressão estética e política”, complementa.

Programação:

23/01 (Quinta-feira) – 20 horas – Solar Boa Vista – Parque Boa Vista de Brotas – Engenho Velho de Brotas – Entrada Franca.

24/01(Sexta-feira) – 22 horas – Beco dos Artistas – Avenida Cerqueira Lima, Garcia – Entrada Franca.

25/01-(Sábado) – 20 horas-Ladeira da Preguiça – Comércio – Entrada Franca.

30/01 – (Quinta-feira) – 20 horas-Casa Preta – Rua Areal de Cima, 07, Bairro 2 de Julho – Ingressos: 10,00-inteira e 5,00-meia.

31/01(Sexta-feira) – 22 horas-Beco dos artistas – Entrada Franca.

05/02 (Quarta-feira) – 20 horas Teatro Gamboa – R. da Gamboa de Cima, 3 – Aflitos – Ingressos: 10,00-inteira e 5,00-meia.

Ficha técnica

Produção: Eberth Vinícius e Sóter Xavier

Dj: Adriana Prates

VJ: Jacson Costa

Performances:
RH de Júnior Oliveira

Questionamentos políticos acerca de gênero e sexualidade são o mote da performativa em dança do bailarino Júnior Oliveira que aponta uma sociedade afogada em argumentos inúteis que dominam e engessam  o masculino e o feminino.

44 de Simone Gonçalves

Processo de investigação autobiográfico da performer Simone Gonçalves que é norteado pela superação das dificuldades encontradas quando se busca uma representatividade e afirmação na sociedade. O número 44 é carregado de termos pejorativos e de ofensas caracterizado como: sapatona, roçona, mulher-macho e  fanchona,  criados pela sociedade para identificar as mulheres que se relacionam com outras mulheres ou por não seguir um padrão estabelecido de comportamento do sexo feminino.

Merci beaucoup, blanco de Michele Matiuzzi

A performer Michele Matiuzzi apresenta, através de um estudo de corpo, o fragmento de um gesto mínimo, um ruído constante que incomoda e marca o tempo de repetir, até a perda dos sentidos. O tempo passa, enquanto a ação continua a se repetir à medida que o  gesto vai ganhando sentido.

São elas os homens de hoje de Marcelo Souza Brito,

 

A performance faz uma reflexão humorada dos códigos referentes ao masculino-feminino na sociedade contemporânea. A partir do trabalho corporal inspirado nas posturas físicas das top models e dos atores transformistas o ator e dançarino Marcelo Sousa Brito traz para a cena um hibridismo entre uma profissão e outra para apontar tabus e preconceitos quando categorizamos um ser. Como acionar o feminino contido no homem e o masculino na mulher. Essa performance foi criada especialmente para o projeto “Rémue Ménage” da associação Suíça “Charlatan” realizado no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM)  e que reuniu artistas suíços e da Bahia, em torno de temas relacionados a gênero e feminismo no período de 18 de maio a 22 de julho de 2012.

Figura de Ricardo Alvarenga

Performance em que o corpo se desterritorializa da imagem cotidiana, mostrando-se em semi nudez e sem face. Um corpo com cabeça de cabelo, tapa sexo e saltos, que propõe, em ações de dança e intervenção performática, deslizar as imagens e intensidades entre o masculino e o feminino, ambientando presenças que exploram e ressaltam a androginia natural do performer, acentuada em seus aspectos ‘Queer’.

Entre corpos de Jacson Costa e Jorge Oliveira

O trabalho de videoarte do artista e bailarino Jorge Oliveira mostra  uma relação bidimensional entre o seu corpo, a projeção de outros corpos e a conectividade das relações sexuais na sociedade  contemporânea.  O trabalho também utiliza um referencial imagético para aprofundar e contextualizar as relações de gênero, corpo e sexualidade.