Casal de lésbicas faz inseminação artificial em Salvador

Genilson Coutinho,
19/10/2012 | 13h10

Em debate realizado na tarde da última quinta-feira (18), na Caixa Cultural, o casal de lésbicas Milena e Erica, convidadas para falar sobre a adoção de crianças por casais gays, comoveu a plateia. Durante o evento, que integra a programação da 5ª Mostra Possíveis Sexualidades, elas declararam que fizeram inseminação artificial para realizarem o sonho de serem mães. O debate ocorreu após a exibição do documentário “Família no Papel”, que mostra as batalhas que casais homoafetivos enfrentam para tornarem-se, no papel, a família que já são na vida real.

Historia de casais de homoafetivos mexeram com a emoção dos participantes, que não escondiam o brilho nos olhos diante da felicidade das famílias que romperam a barreira do preconceito em nome do amor. Milena e Erica relataram que não foi fácil o processo de adoção face às dificuldades encontradas no processo, principalmente quando se trata de um casal homoafetivo. De acordo com o casal, as dificuldades foram decisivas para que elas decidissem fazer a inseminação artificial com doador desconhecido.

“Não poderia deixar de realizar meu sonho de ser mãe, eu sempre quis ser mães. Tentei três vezes e, em uma delas, depois de três meses, perdi a criança. Eu já estava desistindo, quando Milena disse: ‘Erica, mães não desistem nunca’, e essa frase serviu de base para continuarmos a nossa luta, que trouxe para nossas vidas o Lucas” relatou, Erica emocionada.

Sobre as mudanças após o nascimento de Lucas, Érica afirmou que foi questionada sobre os direitos do casal no momento do registro da criança. “Fui questionada se eu saberia que Milena teria todos os direitos como eu sobre Lucas. Eu disse que sim, pois dali pra frente, seriam todas nossas as responsabilidades e obrigações. Independente de estamos junta ou não, ele é nosso filho”, contou.

Mesmo com toda documentação em mãos, o casal ainda encontra dificuldades em algumas repartições públicas, pelo fato dos nomes de mães no registro de Lucas. “Recentemente, fui tirar meu RG e aproveite para fazer o de Lucas. Fiz todos os procedimentos, porém, quando entreguei, a atendente entrou em uma sala que parecia não sair jamais. Depois de uma longa espera, ela voltou e questionei a demora: era em função dos nomes das duas mães. E a ela afirmou que era uma questão do sistema, que não dava a opção na filiação de colocar o nomes das duas mães, porém só sair de lá com o documento do nosso filho com o nossos nomes”, completou.

Com toda as dificuldades, o casal já tem planos para adoção de uma criança e iniciaram todo processo, mas já sabem que terá que enfrentar a barreira das dificuldades e imposições legais. Mesmo assim, o casal afirmou que está preparado para vencer mais essa batalha para o crescimento a família.

Confira o trailer


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