Carnaval foi tema de debate na última segunda feira 25, no Teatro Eva Hertz

Genilson Coutinho,
26/02/2013 | 23h02

A noite da última segunda-feira (25), foi dedicada ao Carnaval no Teatro Eva Hertz, na Livraria Cultura de Salvador em mais uma edição do ‘Tabuleiro das Segundas’ que trouxe para o eixo das discussões o Carnaval de Salvador. Os convidados para o debate foram: o diretor teatral e presidente da Fundação Gregório de Matos, Fernando Guerreiro, Bruno Leal (diretor da Guaxe Produções), Ninho Vinheta (neto de Dodô) e para mediar o encontro o ator Alan Miranda.

Dentre as abordagens feitas pelos convidados, a crise do Carnaval e o preconceito nas décadas de 80 e 90 somaram ao aguardado Afródromo, além da falta de brilho na folia momesca.

Para Fernando Guerreiro, com advento dos Camarotes o Carnaval perdeu seu brilho. A essência da alegria do povo na rua virou uma festa dentro de outra festa, onde um grupo chamado elite curte o Carnaval de costas, pois os camarotes possuem infraestrutura com som alto, que atrapalha inclusive a passagem dos trios.

Ainda durante o debate, Fernando Guerreiro complementa dizendo que falta brilho, pois hoje as pessoas vão ao circuito e quase não se vê mais as decorações no Carnaval. É aquela luz branca o tempo todo, o que é um tanto inapropriado. É necessário trazer de volta as decorações, as alegorias e não deixar algo sem graça. Outra coisa um tanto inconveniente é a questão da beleza, da estética. Querem vender a festa como se fosse feita somente para pessoas de um determinado padrão de beleza. Aonde estão essas pessoas belas? Quem determina quem é belo(a) ou não?

Sobre as estrelas do Carnaval Fernando Guerreiro disparou:  “O Carnaval da Bahia é uma fogueira da vaidade e da exposição. Daniela e Ivete não são mais meninas para ficarem naquela exibição de pernas para todos os lados, deixem isso para Claudia Leitte, ela pode”, afirma Fernando.

No que tange ao apoio da FGM, Fernando não esconde que eles não vão mudar o Carnaval da Bahia da noite para o dia, mas que vão sim, de alguma forma, contribuir para melhoria, sempre na base do diálogo, com objetivo de dar uma oxigenada.

Para esquentar ainda mais o clima da noite, Alan questionou a Bruno Leal (diretor da Guaxe Produções) se ainda existia aquela velha seleção dos foliões como acontecia no carnaval dos anos 90, onde o folião era escolhido pelo bairro que morava ou se era daquele grupo de gente bonita citado por Guerreiro. Querendo sair pela tangente Bruno tentou maquiar dizendo que não existia um preconceito embutido dentro dos blocos, porém deixou claro que o tempo e a concorrência deram a resposta a esses blocos.

“Hoje a coisa mudou e está cada vez mais difícil vender. Estamos apertados e buscando outros caminhos para atrair os foliões. Este ano fizemos até promoção em site de compra coletiva e lista de descontos, temos que nos adequar aos novos tempos”, revelou ele.

Sobre o Afródomo, os participantes acreditam que seja algo muito bom para o Carnaval, porém não deve ser apenas um projeto de Brown, mas de todos Blocos Afros. A intenção é que haja uma alternância de idéias e que se tenha de fato um Carnaval diferente. Os convidados também defenderam que mesmo que todos os blocos estejam no Afródomo eles também devem desfilar no circuito tradicional para que todos possam conhecer a beleza e as histórias de cada uma dessas entidades.

Confira alguns trechos do debate.

http://www.youtube.com/watch?v=JD2knDGqV6M

 

http://www.youtube.com/watch?v=sqGH8ctW64E