‘Bater e matar homossexual ainda é uma prática comum’

Fábio Rocha,
25/05/2011 | 11h05

3 x 8, “quarila” “fresco”, “boiola”, “biba”, ”comedor de mirindiba”, ”paca” etc. Assim eram chamados os homossexuais na época em que se amarrava cachorro com lingüiça. Tempo em que achavam que a homossexualidade era doença. Muitos homossexuais chegavam a ser internados em clínicas para pessoas com distúrbios mentais, e o pior de tudo com embasamento cientÍfico. Era uma época em que o homossexual assumido era alvo de deboche onde quer que fosse a qualquer hora do dia ou da noite chegando ao cúmulo de ser agredido, e até morto dependendo da conveniência do agressor ou de determinado grupo ou porque não dizer quadrilha. Em muitos casos, o pai era o maior conivente por não aceitar o filho(a) do jeito que ele queria ser. Numa atitude preconceituosa, chegava a colocá-lo para fora de casa ou humilhava publicamente fazendo ele (a) namorar e até a casar com uma pessoa do sexo oposto vivendo uma infelicidade conjugal sem precedente causando danos psicológicos irreversíveis. Esse preconceito e discriminação sempre foram referendados por uma sociedade branca, machista, patriarcal e excludente onde as minorias são vista com desconfiança. Isso também vale para os negros, índios, gordos, deficientes, idosos. O pobre e a mulher também são excluídos, mas tem maioria.

Até aqui falei com relação às preferências sexuais do tempo de D. João VI agora vamos falar da contemporaneidade, do hoje. Fico impressionado como foram poucas as mudanças. Bater e matar homossexual ainda é uma prática comum. A diferença é que você pode assistir na sua sala de estar com sua família e ver um bando de jovens idiotizados e criminosos agredirem e matarem outro jovem pela forma de andar, falar, gesticular e amar. Com relação à família, a postura da mãe melhorou, mas o pai continua distante e agride verbal e fisicamente menos. O uso dos nomes pejorativos continua, embora com mais discrição.

Cientificamente falando só louco pode dizer que gay, lésbicas, travestis, bissexuais e transexuais não sejam bom da bola. Ainda assim somos obrigados a ver aberrações como a de muitos pastores evangélicos que se arvoram no cristianismo para defenderem que o homossexualismo é coisa do demônio, ou como diz seu Antônio: coisa do “capiroto”. Dizem ainda, que só muita água benta e penitência para se livrar de tal encosto. Pior que falando assim acabam influenciando milhões de pessoas a pensarem como eles. Em muitos casos sabemos que isso não passa de um discurso para encobrir a pedofilia, para não discutir a homoafetividade e a homofobia botando tudo para debaixo da batina.

É inadmissível morar num país onde existem grupos organizados(é assim que a imprensa eufemiza a situação), que para mim não passa da corja, escória da pior espécie especializada em bater e matar gay, negro e nordestino. É mole ou quer mais? esse povo deveria ser tratado como terrorista e ser hospedado em Habugarib com direito a foto e aos afagos e mimos da casa. Não podemos mais nos próximos pleitos eleger para a câmara alta do país parlamentares homofóbicos que debocham de um assunto tão sério, sem o mínimo respeito pelos outros como fez esse tal de Bolsonaro (olha o nome da marmota rs rs rs) esse “mama na Teresa” coitada da pobre!. Aliás, ele faz por merecer o titulo desse texto ao dizer que o material informativo produzido pelo MEC, ao invés de informar, estimula a homossexualidade. Fala sério!!

Além de não eleger mais parlamentares como esse, precisamos de políticas públicas comprometidas e muita informação. E mais, há um debate que não podemos deixar de fazer: o debate contra o preconceito que precisa ser combatido sem trégua dentro de cada um e cada uma. Precisamos aprovar o projeto de lei 122 que criminaliza a homofobia. Esse sim, será um grande passo pra acabar com a falta de respeito sofrida ao longo dos séculos pelos que têm a coragem de assumir a sexualidade. O Movimento de LGBT’s deve ser fortalecidos pelos órgãos governamentais, porque homossexuais também pagam impostos e são brasileiros e brasileiras em direito e deveres. É preciso que a sociedade se abra em copa e não fuja da discussão, pois para sair do armário tem que ser muito macho ou muito fêmea.

Espero que com passar dos tempos o respeito a essas pessoas seja uma coisa natural. Essa é minha contribuição para ajudar no debate. Ah! ia esquecendo de louvar a atitude do governador do Rio de janeiro que autorizou os policiais militares do Corpo de Bombeiros a participarem da Parada Gay uniformizados usando inclusive as viaturas da Polícia para dar suporte ao evento. Esse sim tá dando um belo exemplo e um xô na homofobia. Como diz um amigo meu assumidíssimo: “arrasoooooou!!!” Afinal de contas somos todos iguais, a diferença está apenas na fruta de que gostamos. “Merci bocu” a todo(a)s homoafetivos e até o próximo babado.

*Zé da Cruz é poeta e liderança Comunitária –zedacruz1@gmail.com