Arte e Exposições

No Circuito

Balé Folclórico da Bahia lança Festival e volta aos palcos em abril

Genilson Coutinho,
07/04/2022 | 13h04
Foto: Genilson Countinho

A volta por cima. Depois de mais de dois anos sem se apresentar e de quase encerrar definitivamente suas atividades, a companhia anunciou o lançamento do Festival Balé Folclórico da Bahia em coletiva para a imprensa, realizada no dia 6 de abril, no Hotel Fasano Salvador. Além de shows e exposição, o festival, que acontece entre os meses de abril e novembro deste ano, inclui uma ampla programação socioeducativa com oficinas gratuitas em dez comunidades de Salvador e Lauro de Freitas. O Festival conta com o estimulo da Lei Federal de Incentivo à Cultura e tem os patrocínios do Banco Votorantim e do Instituto Cultural Vale.

Considerado um dos principais embaixadores culturais do Brasil no mundo, o grupo de dança afro-brasileira que já se apresentou em mais de vinte países, quase encerrou suas atividades definitivamente durante a pandemia. A companhia contou com a ajuda de artistas, admiradores e da população através de uma vaquinha virtual, para se manter nos dois últimos anos. “Agora, graças a Lei de Incentivo, ao patrocínio da iniciativa privada e a inúmeros apoios, o Balé Folclórico da Bahia volta com uma programação extensa, robusta, que contempla da formação do seu novo corpo de baile a uma estreia mundial prevista para novembro, no TCA”, declara Walson Botelho, mais conhecido como Vavá Botelho, fundador e diretor geral da companhia.

Oficinas e vocação social

As oficinas de dança afro-brasileira e percussão serão realizadas em dez comunidades de baixa renda de Salvador e em Lauro de Freitas com o objetivo de levar o trabalho do BFB aos jovens que não têm oportunidade de ter uma formação artística. “A companhia tem no seu DNA a vocação para o trabalho social, nos 34 anos do Balé já formamos mais de 700 bailarinos, a maioria deles oriundos de comunidades de baixa renda. Muitos bailarinos, que aprenderam os primeiros passos de dança no Balé Folclórico da Bahia, ganharam o mundo e hoje brilham em companhias internacionais em vários países da Europa e nos EUA”, declara Vavá Botelho. “Além do trabalho artístico, temos uma função social”, afirma.

Além do aprendizado, os participantes das oficinas terão também a oportunidade de participar de audições para integrar o Balé Folclórico da Bahia. “A partir dessas oficinas vamos também identificar talentos, que podem compor o novo corpo de baile da companhia”, explica o diretor do Balé.

As inscrições para as oficinas são gratuitas e para participar é preciso ter no mínimo 16 anos de idade e preencher a ficha de inscrição https://forms.gle/bJqyaKFfpCvz1Y5x8. Não é preciso ter formação prévia em dança ou percussão. Cada oficina tem duração de seis dias e as aulas acontecem de segunda-feira a sábado (segunda a sexta das 18h às 21h e no sábado das 14 às 17h).

Programação: O início das oficinas de dança afro-brasileira e percussão no dia 18/4 com finalização no dia 18/6:

  • Pelourinho – Teatro Miguel Santana – 18 a 23/04
  • Bairro da Paz – Programa Avançar – 25 a 30/04
  • Cajazeiras – Boca de Brasa Cajazeiras – 02 a 07/05
  • Lauro de Freitas – Centro Cultural Lauro de Freitas – 9 a 14/05
  • Ribeira – Mercado Iaô – 9 a 14/05
  • Garcia – Colégio Edgar Santos – 16 a 21/05
  • Plataforma – Teatro de Plataforma – 23 a 28/05
  • Vista Alegre – Subúrbio 360º – 30/05 a 4/06
  • Abaeté – Malê Debalê – 6 a 11/06
  • Liberdade – Ilê Aiyê – 13 a 18/06

Volta aos palcos

A volta do Balé Folclórico da Bahia (BFB) ao palco do Teatro Miguel Santana, sede da companhia no Pelourinho, acontece no dia 25 de abril, às 19 horas, com uma apresentação especial para convidados. As apresentações para o público pagante voltam a acontecer a partir do dia 29 de abril, às 19h.

“Neste primeiro momento o Balé fará apresentações três dias da semana, às segundas, quartas e sextas, às 19h, como uma forma de testar esse novo momento pós pandemia, quando o fluxo de turistas na cidade ainda caminha a passos curtos. Com o passar do tempo e a depender das mudanças que ocorram no mercado turístico, o BFB aumentará os dias de apresentação até voltar ao antigo esquema de espetáculos diários”, esclarece Vavá Botelho.

Os ingressos terão o mesmo valor de 2020, com a meia-entrada promocional valendo para todos, como forma de atrair o público local e fidelizar novos espectadores. O valor do ingresso promocional será de R$60,00.

Por 27 anos, o BFB se apresentou em seu teatro, diariamente, durante todo o ano, quando os espetáculos eram encenados de segunda a sábado, tendo como público, principalmente, turistas estrangeiros e de outros estados do Brasil. Com a pandemia, essas apresentações foram suspensas e vão retornar neste mês.

Remontagem das coreografias e ensaios

A partir de 1º de julho até 15 de novembro, o desafio da companhia é preparar o novo corpo de baile e remontar as coreografias para o novo espetáculo “O Balé Que Você Não Vê”. São três coreografias inéditas – Bolero (nome provisório) de Carlos Durval; Okan de Nildinha Fonseca e 2-3-8 de Slim Mello – que foram criadas em 2018, quando o BFB completou 30 anos, mas que não foram apresentadas ao público. “São montagens que foram criadas para o espetáculo comemorativo dos 30 anos da companhia, mas na época, por falta de patrocínio, não estreamos”, revela Vavá Botelho.

Nesta fase, a remontagem será feita com os bailarinos que permaneceram na companhia (desde o início da pandemia, muitos tiveram que buscar novas formas de trabalho e deixaram o grupo) e com os possíveis novos integrantes selecionados a partir das oficinas que acontecerão nas 10 comunidades atendidas pelo projeto Festival Balé Folclórico da Bahia.

Estreia mundial e exposição

Novembro, mês que homenageia a cultura negra no Brasil, foi o mês escolhido pelo BFB para a estreia mundial do espetáculo “O Balé Que Você Não Vê”. O espetáculo é composto pelas novas coreografias, Bolero, Okan, 2-3-8 e também por Afixirê, coreografia reconhecida internacionalmente e criada por Rosângela Silvestre em 1990, quando o BFB foi contemplado com o Prêmio FIAT e recebeu apoio da Fiat do Brasil para montagem de nova coreografia.

“O espetáculo O Balé Que Você Não Vê é inspirado na luta diária de uma companhia profissional para se manter, tanto financeira como tecnicamente. Além de toda preparação técnica para dança, música, capoeira, canto e teatro, os bailarinos da companhia não aprendem apenas dança afro-brasileira, eles recebem preparação para dança clássica, dança moderna e contemporânea. É um trabalho árduo e permanente”, conta Vavá Botelho. “Poucas companhias de dança privadas sem patrocinador regular conseguem existir por tanto tempo, mantendo um nível de excelência técnica tão elevado e respeito do público e da crítica”, afirma o diretor geral do Balé.

Os espetáculos serão apresentados na Sala Principal do TCA de 17 a 20 de novembro.

Programação – O Balé Que Você Não Vê – Sala Principal do TCA

  • dia 17/11: espetáculo gratuito para escolas públicas das redes municipal e estadual;
  • dia 18/11: espetáculo para público pagante às 21h.
  • dia 19/11: espetáculo para público pagante às 21h.
  • dia 20/11: espetáculo para público pagante às 20h.

Além da estreia do espetáculo, o BFB irá inaugurar a exposição “O Olhar do Tempo”, com curadoria e projeto expográfico de Rose Lima, que contará através de uma exposição interativa a história dos 34 anos da companhia. A exposição será aberta ao público no dia 1º de novembro e ficará durante todo o mês de novembro aberta ao público no Foyer do TCA, com entrada gratuita.

Reconhecimento

Além do reconhecimento do público e da crítica especializada, o Balé coleciona inúmeros prêmios e conquistas importantes. Em novembro de 2013, durante sua 12ª turnê pela América do Norte, o Balé Folclórico da Bahia (BFB) foi homenageado em Atlanta, capital da Geórgia (EUA). A prefeitura de Atlanta declarou o dia 1º de novembro como o Dia do Balé Folclórico da Bahia no calendário oficial da cidade. Em dezembro do mesmo ano, a companhia ganhou nome de rua na cidade de Aného, no sudeste do Togo, perto da fronteira com o Benim, durante curta temporada na África.

O Balé ganhou inúmeras matérias de página inteira no The New York Times e foi notícia de destaque em vários outros jornais do mundo. Já foi também capa do The Village Voice, uma das mais importantes publicações culturais em Nova York.

O grupo arrebatou a admiração da poderosa Anna Kisselgoff, crítica de dança do The New York Times. “O prazer dos dançarinos, músicos e cantoras em fazer o que eles fazem sobre o palco é tão obviamente parte da vida deles que contagia todo o teatro”, escreveu Kisselgoff. “Eu já assisti seus maravilhosos bailarinos em diferentes países, sempre se comunicando com o público. Crianças e adultos são tomados de imediato pelos ritmos e encantos de sua arte”, declarou a jornalista numa das suas criticas para o jornal norte-americano.

Em 1994, a Associação Mundial de Críticos reconheceu o BFB como a melhor companhia de dança folclórica do mundo. Ao longo da sua trajetória, o Balé conquistou vários prêmios e reconhecimento. Dentre eles: o Prêmio Fiat (oferecido pela Fiat do Brasil como a melhor companhia de dança do país em 1990); o Prêmio Estímulo (oferecido pelo Ministério da Cultura como a melhor companhia de dança do país e melhor espetáculo de dança do país em 1993); o Prêmio Mambembão (oferecido pelo Ministério da Cultura como a melhor pesquisa em cultura popular e melhor preparação técnica de elenco em 1996); o Prêmio Bom do Brasil (oferecido pela Varig como um dos cinco mais importantes projetos sócio-culturais existentes no país em 2004) e o Prêmio Mérito ao Turismo (oferecido pela ABRAJET – Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo pelos serviços prestados ao turismo no estado).

Desde 1993, sob a direção artística de José Carlos Arandiba (Zebrinha), a companhia atingiu um nível de aprimoramento técnico-interpretativo, que despertou a atenção dos mais exigentes profissionais e críticos da área de dança. A Bahia, celeiro das manifestações populares no país, tem sido a maior inspiração para as pesquisas do Balé, que através da dança, música e de outras expressões que compõem o espetáculo consegue legitimar o folclore baiano em suas coreografias.”O nosso grande objetivo é a educação. Meu princípio é que cada pessoa faz seu caminho. No Balé, há pessoas de todas as faixas etárias e de todas as classes sociais. A partir do momento que alguém entra por nossa porta, deixa fora um monte de estigma,” afirma o diretor artístico.

Em 2018, quando completou 30 anos, o Balé Folclórico da Bahia foi homenageado pela Assembleia Legislativa da Bahia e pela Câmara Municipal de Salvador. A companhia foi homenageada pela Comissão Especial de Promoção da Igualdade. Na Câmara Municipal de Salvador por iniciativa do vereador, jurista e professor Edvaldo Brito, a Fundação Balé Folclórico da Bahia também foi homenageada em sessão solene e recebeu da Câmara o título de Utilidade Pública Municipal.

Sobre o Balé Folclórico da Bahia

O premiado Balé, que completa 34 anos em agosto de 2022, já se apresentou em mais de trezentas cidades e 27 países, incluindo Estados Unidos, Itália, Inglaterra, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Nova Zelândia, Austrália, Alemanha, França, Holanda, Suíça, México, Chile, Colômbia, Finlândia, Suécia e África do Sul, dentre outros. “Seguramente, somos um dos principais embaixadores da cultura popular brasileira e afro-baiana para o mundo”, destaca Vavá.

Com sede no Pelourinho, em Salvador, o BFB é a única companhia de dança folclórica profissional do país. Os integrantes da companhia – dançarinos, músicos e cantores – recebem preparação técnica para dança, música, capoeira, canto e teatro. Para preservar e divulgar as principais manifestações folclóricas da Bahia, o Balé desenvolveu uma linguagem cênica que parte dos aspectos populares e atinge questões contemporâneas.

O Balé também possui um segundo corpo de baile, que, durante 27 anos, realizava apresentações diariamente, no Teatro Miguel Santana, no Pelourinho, tendo como público, principalmente, turistas estrangeiros e de outros estados do Brasil. Com a pandemia, essas apresentações foram suspensas e vão retornar neste mês.