Ariadna Thalia fala com exclusividade para o site Dois Terços

Genilson Coutinho,
25/04/2011 | 21h04

“Estou orgulhosa de dizer que sou a primeira transexual do Brasil a participar do programa, a primeira da história deste programa!”, disse a carioca, pegando de surpresa alguns brothers na última edição do Big Brother Brasil, a décima primeira.

A primeira transexual a participar do BBB nem deve imaginar, ou melhor, bem deve imaginar a polêmica que provocou fora da casa simplesmente por ter exposto a sua biografia. Nós, sabendo que a atitude mais política que um LGBT pode tomar é sair do armário em relação a sua orientação sexual, tivemos a oportunidade de conversar com ela e discutir alguns aspectos dessa personalidade fascinante.

Dois Terços: O BBB11 acabou e você continua brilhando sendo notícia diariamente nos sites e revistas do Brasil. O que você planeja fazer após essa fase pública?

Ariadna Thalia: Estou muito feliz com essa minha nova fase de vida. E sei que o assédio faz parte. Tenho mil planos para o futuro. Eu sei que vai dar certo.

DT: A sua entrada na casa foi a única coisa de diferente nesta edição do BBB. Você esperava essa repercussão toda sobre sua participação?

AT: Sim. Esperava que fosse algo bombástico. Porém, me julgaram pela primeira impressão e me tiraram. Mas, faz parte do jogo, né?

DT: Rodrigão mexeu com o imaginário das mulheres e dos rapazes do Brasil. Rolaria algo com ele se pintasse um clima?

AT: Rodrigão é um homem lindo, vaidoso, educado e inteligente. Do jeito que eu gosto e as mulheres também. Mas, ele é meio quieto. Prefiro homens mais agitados. Ele é um fofo, um grande amigo. Não sei se rolaria algo.

DT: As comparações entre você e Roberta Close foram inevitáveis, porém ela não gostou muito das comparações. Isso incomodou você?

AT: Não, nunca me incomodei com comparaçãoes. Até porque eu sou eu e ela é ela. Ninguém é igual a ninguém.

DT: Você arrasou nas páginas da Playboy nas belíssimas fotos. Como anda o assédio dos rapazes com o lançamento da revista?

AT: Olha, as pessoas me olham bem diferente. Hoje em dia sinto que me olham como uma mulher. A revista ajudou a quebrar toda aquela fantasia negativa que as pessoas alimentavam.

DT: A comunidade gay está lutando para conquistar o direito ao casamento e à adoção. Você já pensou em adotar uma criança?

AT: Sim. Meu maior sonho é um dia construir a minha família. Acho que o casamento gay e a adoção de crianças por casais gays devia ser liberada no nosso país. Eu acho que casais gays têm tanto potencial quanto uma família hetero para dar amor, carinho, educação etc. E quanto ao casamento, o amor não é assexuado. E eu acho que quem se ama e tem vontade de ser casar, deveria ser livre para isso sem impedimentos.

 

 

DT: No Brasil, o processo de mudança de sexo é muito delicado e lento, porém correm boatos que clínicas em São Paulo estão realizando a cirurgia. Você conhece alguma pessoas que teve essa coragem de fazer sem um acompanhamento adequado?

AT: Sim, conheço sim. Eu acho que o maior acompanhamento que uma pessoa pode ter é o próprio. Se uma pessoa tem esse desejo, tem que fazer e pronto. E não se frustrar por dois anos até ter a permissão. Até porque, no Brasil, a cirurgia é liberada, mas depois para conseguir os documentos é outra frustração, pois demora mais.

Fotos: Arquivo pessoal