Amsterdam Chamber Opera encena ópera intimista no Teatro Molière

Genilson Coutinho,
15/08/2011 | 10h08

Uma ópera intimista. É assim que se define a ópera moderna “A Voz Humana”, com músicas originais de Francis Poulenc e texto de Jean Cocteau, encenada em Salvador pela Amsterdam Chamber Opera, com direção de Marcos Rabello, no palco do Teatro Molière (Aliança Francesa – Ladeira da Barra). O espetáculo será apresentado ao público baiano nos dias 26 de agosto, sexta-feira, e 1º de setembro, quinta-feira, às 20h, com ingressos populares a R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia entrada). O público poderá esperar uma ópera diferenciada, com apenas uma cantora lírica mezzosoprano no palco, acompanhada por três músicos com instrumentos tradicionais (trompete, contrabaixo, acordeão) e o regente que cria texturas eletrônicas num laptop.

A voz humana conta a história de uma mulher desesperada, que fala sozinha ao telefone com o seu amante perdido, que a trocou por outra mulher, mais jovem. Essa perda é suficiente para deixá-la desesperada e sem chão. Ela já não mais consegue sair de casa e aguarda ansiosa a última ligação. A personagem vive essa louca tentativa de manter a voz dele no telefone, segurar ao máximo a conversa, já que é provável que este seja o último contato. Para tornar a situação ainda mais difícil para a mulher, a ligação é ruim, entrecortada por linhas cruzadas e quedas de sinal.

Na versão da Amsterdam Chamber Opera, a cantora mezzosoprano paulista Priscila Olegário encara a personagem da mulher sem nome à beira do desespero. A intérprete se relaciona durante a encenação apenas com os vários aparelhos telefônicos, dispostos em volta do palco e luta para conversar com esse homem, que está abandonando essa relação de anos. A estética intimista proposta pelo diretor baiano Marcos Rabello aproxima mais a situação vivida pela personagem do espectador, que inevitavelmente se reconhece e se identifica com a situação de separação .

Jean Cocteau e A Voz Humana – Influenciado pelas experiências dadaístas com a voz humana e a própria tecnologia do telefone, ainda muito precária nos anos 30, o dramaturgo Jean Cocteau encontrou nessa metáfora o caminho para explorar os desafios da comunicação humana, da expressão de idéias e sentimentos. Desafios quase que insuperáveis para muitos artistas e pensadores. Para os críticos, esta é a obra mais importante do dramaturgo francês, inspirando outras criações no cinema, no teatro e na música. A música de Francis Poulenc traz a dissonância própria do século XX, explorando os elementos da modernidade, própria dos anos 50, quando da criação da ópera.

Amsterdam Chamber Opera – Nascido em Amsterdã (Holanda), o coletivo Amsterdam Chamber Opera tem como principal marca a busca de uma relação contemporânea com a ópera, além de trazer traços interculturais, já que seus integrantes são oriundos de diferentes nacionalidades e repertórios artísticos. O grupo conta com diretor brasileiro Marcos Rabello, o compositor mexicano Felipe Ignacio Noriega e o artista visual mexicano Emmanuel Flores Elias, voltado para as artes gráficas. A companhia busca modernizar a ópera, explorando uma musicalidade mais contemporânea, intimista e tecnológica. Segundo o diretor do espetáculo, os acordes da música original serão conservados, contudo, atualizados com a sonoridade da música eletrônica. Outra coisa que facilitará o entendimento por parte do público é que o texto da ópera foi traduzido para a língua portuguesa.

O repertório do grupo envolve uma pesquisa no barroco, no clássico, no período romântico e na música erudita moderna, com arranjos mais congruentes com o nosso tempo e com sonoridades contemporâneas e tecnológicas. Depois das apresentações de A Voz Humana em Salvador, o grupo retorna para Amsterdã para a reapresentação da ópera de câmara  La Princesse Jaune (A princesa amarela), de Camille Saint-Säens.

 

O que: Ópera A Voz Humana

Quem: Amsterdam Chambre Opera

Onde: Teatro Molière, Aliança Francesa (Ladeira da Barra)

Quando: dias 26 de agosto (sexta-feira) e 1º de setembro (quinta-feira), 20h

Quanto: R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia)

Contatos com Imprensa: Mônica Santana (9118-5501/8331-5423)

Diretor do espetáculo: Marcos Rabello (8620-2521)