Aborto Legalizado: Salvador recebe pré-estreia do documentário sobre o tema na próxima terça – feira 12, com entrada gratuita.

Genilson Coutinho,
11/11/2013 | 10h11

Com estas frases, Alveda King, ativista pró-vida norte-americana e sobrinha do pacifista Martin Luther King, inicia a narração do documentário Blood Money – Aborto Legalizado, dirigido por David Kyle, que estreia dia 15 de novembro em circuito nacional no Brasil. Polêmico, o filme chama a atenção pelo realismo e crueldade com que mostra a indústria do aborto nos Estados Unidos, onde a prática é legalizada há 40 anos.

Com a presença do diretor David Kyle, a primeira pré-estreia no Brasil foi realizada dia 5/11, em São Paulo, e em Salvador a pré-estreia acontecerá no dia 12, às 20h30, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha, em sessão aberta a interessados.

O lançamento deste documentário é uma parceria entre a Europa Filmes e a Estação Luz Filmes (produtora dos longas-metragens Bezerra de Menezes, Chico Xavier e O Filme dos Espíritos, dentre outros), que detém os direitos de distribuição de Blood Money no Brasil.

A importância do documentário de Kyle para o debate sobre a legalização do aborto levou a Estação Luz Filmes a protocolar, em Brasília, no dia 1º de novembro, uma proposta de exibição do filme,durante uma sessão de cinema no Palácio da Alvorada, residência oficial da presidente Dilma Rousseff.

Luís Eduardo Girão, diretor da Estação Luz Filmes, que adquiriu os direitos de distribuição nacional, acredita no interesse do público brasileiro para ver Blood Money – Aborto Legalizado, pois o documentário, segundo ele, “disseca o tema, esclarece e revela a experiência praticada em um país onde o aborto é legalizado há 40 anos – caso dos Estados Unidos”, enfatiza.

Girão diz ainda que “apesar de mais de 70% da população brasileira ser contra a legalização do aborto, de acordo com os principais institutos de pesquisa do país, o tema gera polêmica e causa grande interesse. O filme esclarece o assunto sob vários aspectos. Por isso, esperamos que provoque repercussão e atraia o público”, assinalou, acrescentando que “o documentário pode contribuir para o amadurecimento deste debate necessário ao Brasil, onde ainda teimamos em tratar o aborto com hipocrisia”.

Sobre o documentário:

Trata do funcionamento legal desta indústria nos Estados Unidos, mostrando de que forma as estruturas médicas disputam e tratam seus ‘clientes’, os métodos aplicados pelas clínicas e o destino do lixo hospitalar, dentre outros temas, de forma muito realista.

O filme denuncia a prática da eugenia e o controle da natalidade por meio do aborto, a partir de aspectos científicos, legais e psicológicos relacionados ao tema, como o momento exato em que o feto é considerado um ser humano, com direitos de garantia de vida em contraposição ao direito da mulher de dispor de seu corpo. Além disso, debate a existência ou não de sequelas para a mulher submetida a este procedimento.

O documentário tem como objetivo provocar o debate em torno de questões polêmicas. Dentre elas, a agressiva ação de persuasão das clínicas para estimular as jovens americanas a realizar abortos; a atitude de muitas famílias do país, que exige que suas filhas façam o aborto, sem direito a suporte ou mesmo acompanhamento; e o preconceito por detrás da pressão sobre mulheres pobres levadas ao procedimento.

Blood Money – Aborto Legalizado traz, ainda, depoimentos de médicos e de outros profissionais da área, de pacientes, cientistas e da ativista política Alveda C. King, sobrinha do pacifista Martin Luther King, que também apresenta parte do filme.

De acordo com Kyle, o documentário foi idealizado em 2004, na época das eleições presidenciais, quando percebeu que o tema aborto só era debatido nestas ocasiões por conta das intenções eleitoreiras, sem trazer os devidos esclarecimentos ou resolução. “Tenho certeza de que a maioria das pessoas não conhece a verdade sobre o tema e o que, de fato, está por trás desta indústria”. Assim, quando Kyle e o produtor John Zipp decidiram realizar o documentário para esclarecer os vários aspectos do assunto – econômico, político, cientifico, social, psicológico etc. – “era para que as pessoas pudessem agir decisivamente em relação ao aborto”.

Embora idealizado em 2004, a produção do documentário só foi iniciada em 2008, quando Kyle e dois cinegrafistas viajaram pelo País para colher os depoimentos, e concluída dois anos depois. O feito exigiu um investimento da ordem de US$ 400 mil.

Segundo o diretor, “não conhecíamos nenhuma das pessoas que integram o documentário. Antes de começar as filmagens, solicitamos indicações de quem poderíamos entrevistar. As que foram recomendadas mais de uma vez, foram as escolhidas”. No caso de Alveda King (sobrinha do líder racial Martin Luther King), a ideia inicial é que ela fosse uma das depoentes. “Mas, quando mais tempo passamos e aprendemos com ela, mais percebemos que era a pessoa indicada para ser a narradora do filme. E foi o que ocorreu”.

Em campanha na web, a cantora Elba Ramalho posiciona-se contra a prática do aborto

A cantora Elba Ramalho, que apresenta depoimentos na fanpage do filme (https://www.facebook.com/bloodmoneyofilme ), fala sobre sua vivência pessoal. “Em um momento da minha vida eu produzi a morte. Hoje sei que esta experiência deixa marcas profundas na mulher”, disse.

Perfil David Kyle – diretor

David Kyle, 48 anos, é casado, tem quatro filhos, dois netos, mora em Mariland (ao norte de Washington) e é o diretor do documentário Blood Money – Aborto Legalizado, produção para a qual dedicou seis anos de trabalho.

Kyle idealizou o documentário em 2004, durante as eleições presidenciais naquele país, quando o tema foi amplamente debatido, mas só conseguiu começar a realizá-lo em 2008.  Desde então, vive em função desta produção que já o levou à Espanha e o trará ao Brasil.

Ex-paraquedista e instrutor do exército norte-americano, envolveu-se na política como consultor, conselheiro e candidato, mas desiludiu-se “por causa da corrupção”, dedicando-se, hoje, a divulgar a produção que denuncia os fatos da indústria do aborto, nos Estados Unidos. Trabalhou como editor e articulista, coordenou campanhas em jornais e tevês e supervisionou a produção de vídeos institucionais durante sua atividade política, e assim teve o que se poderia qualificar quase como sua primeira incursão na área. Nesta época, conheceu o produtor John Zipp e juntos decidiram realizar um documentário sobre aborto, tema muito debatido por questões eleitoreiras, mas, para eles, verdadeiramente desconhecido dos americanos.

Com o levantamento completo sobre o assunto e após listarem os principais especialistas do tema nos Estados Unidos, definirem roteiro e adquirirem recursos para produção, em 2008, tendo dois cinegrafistas, Kyle começou a percorrer os Estados Unidos colhendo depoimentos. O documentário foi concluído em junho de 2010, dois anos depois do início de sua produção, e, no mesmo ano, foi lançado nos cinemas dos Estados Unidos, alcançando, em seguida, a televisão.

A temática tem atraído o interesse de sua distribuição fora dos EUA. Primeiro, foi lançado na Espanha em versão dublada e exibido, segundo seu diretor, em 40 salas. Agora, no Brasil, o planejamento inicial da Europa Filmes prevê a exibição em cerca de 20 salas em nove capitais. A Estação da Luz Filmes, a exemplo do que fez com Chico Xavier e outras produções, pretende lançar o filme em DVD até o final do ano e já negocia a exibição do documentário futuramente em tevê.

Lançamento oficial no Brasil acontece no dia 15 de novembro de 2013. Em Salvador, o documentário ficará em cartaz no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha – Sala 4 (Praça Castro Alves – Centro)