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A nova estratégia da Natura: da sustentabilidade à regeneração

Genilson Coutinho,
27/12/2023 | 12h12
Angela Pinhati, diretora de Sustentabilidade de Natura &Co América LatinaFoto: Acervo /Natura

A Natura decidiu dar um passo à frente e, a partir de agora, adota o conceito de regeneração como centro de sua estratégia empresarial, indo além da sustentabilidade. Essa abordagem foi desenvolvida nos últimos meses e discutida na 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 28, realizada em Dubai. A empresa participou ativamente da COP, contribuindo com mais de 40 painéis por meio de seus representantes.

“Ainda que, como humanidade, busquemos a manutenção dos recursos existentes, mitigando ou impedindo uma exaustão ainda maior do planeta, estamos aquém do necessário. Isso é o que destacamos na COP28, que o conceito de sustentabilidade não mais é suficiente para endereçar a restauração do que já foi degradado ou permanentemente extinto pela ação humana. Neste contexto, urge a necessidade de uma agenda de impacto mais transformacional por parte das marcas”, explica Angela Pinhati, diretora de Sustentabilidade de Natura &Co América Latina.

Para a Natura, fazer negócios de maneira regenerativa vai além das práticas aplicáveis à produção agrícola e de recuperação de solo e floresta, abordagem que já vem sendo discutida globalmente. A marca acredita que fatores humanos e sociais são indissociáveis dos desafios ambientais, sendo essenciais para uma nova estratégia pautada em regeneração. Angela reforça: “Para nós, a regeneração é o processo de restaurar a vida em indivíduos, comunidades, na natureza e nos relacionamentos entre eles. Cada um, ao cultivar relações baseadas no enriquecimento mútuo, se reconhece como parte de um sistema maior e nutre o seu próprio bem-estar e o de seu entorno. É este conceito, este novo software cultural, que nós vamos instalar nos nossos negócios e na forma como nos relacionamos e nos expressamos no mundo.”

Ao adotar a regeneração, a marca agora direciona os negócios de maneira mais clara e intencional, resgatando uma das crenças registradas há mais de 30 anos: a razão de ser da Natura, o “Bem Estar Bem”, que elucida a ideia de uma relação harmoniosa do indivíduo consigo, com o outro e com a natureza.

A executiva destaca que diversas escolhas da marca ao longo das últimas décadas já são práticas regenerativas, como a opção pela venda direta como modelo de negócios e a atuação na Amazônia há mais de 20 anos, baseada na bioeconomia. Ela lembra que de lá para cá, a empresa desenvolveu 42 bioingredientes, adquiridos de maneira ética e sustentável, com respeito às pessoas e aos ciclos da natureza. Hoje, junto às 41 comunidades agroextrativistas de cadeia de valor na Amazônia, a Natura contribui para conservar mais de 2 milhões de hectares de floresta. “Ao se transformar em produtos, esses bioativos são capazes de gerar renda para cerca de 4 milhões de pessoas na América Latina, em sua maioria mulheres. Isso é regenerar: relações de enriquecimento mútuo. À medida que cresce o nosso negócio, cresce o impacto positivo que geramos no mundo. A sustentabilidade e agora a regeneração não são acessórios, mas o próprio negócio”, destaca Angela.

As novidades pautadas no novo conceito já começam a se materializar em produtos. Há 15 anos, a Natura, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Cooperativa Agrícola Mista Tomé-de-Açu (CAMTA), decidiu estudar práticas regenerativas para a produção de um de seus principais insumos. Após anos de estudos, a marca está investindo na escala do primeiro sistema agroflorestal de cultivo de óleo de palma do mundo. A área de plantio, que começou com 18 hectares, hoje alcança 182 hectares plantados, e o projeto conta com mais de 20 produtores rurais com áreas em diferentes estágios. “Até o final de 2024, teremos uma área de 500 hectares”, menciona a diretora. O óleo de palma deste sistema agroflorestal já é o principal ingrediente de Natura Biome, linha de produtos em barra da marca.

Lançamento de produto pautado pela regeneração

A Natura também lançou recentemente o primeiro hidratante concentrado para o corpo do mundo. O produto, resultado de três anos de estudos, prospecções de ingredientes, avaliações físico-químicas, sensoriais e de eficácia, desenvolvido inteiramente pelo time de P&D da Natura, tem uma apresentação inédita: ao misturar o concentrado com a água, ele se transforma em um poderoso hidratante. O frasco refilável do Natura Ekos Concentrado de Castanha, que será lançado no início de 2024, é feito 100% com plástico retirado dos rios da Amazônia, é reutilizável, e o concentrado apresenta uma redução de 81% no uso de material plástico em relação ao refil convencional, o que diminui em 55% a geração de resíduos e gera renda para 10 cooperativas de reciclagem, que hoje representam mais de 195 famílias do norte do Brasil.

“A regeneração é um novo passo na agenda dos nossos negócios, assim como sustentabilidade foi há duas décadas. Nós vamos transformar este conceito em produtos, em ações e em comportamento. Queremos difundir essa ideia para que grandes marcas se reconheçam como parte de algo maior e contribuam ativamente para a saúde do planeta e da própria humanidade”, finaliza Angela.