Colunistas

Opinião

A invisibilidade e a solidão da população idosa LGBTQIA+

Genilson Coutinho,
12/07/2021 | 13h07
Foto: Reprodução Internet

Faz um tempinho que venho pensando sobre os desafios, preconceitos e a volta para o armário dos LGBTQIA+, sobre os gays que chegam à velhice e são obrigados a se reinventarem para sobreviver meio a LGBTQIAfobia, a solidão e depressão. Infelizmente, parece que os gays apenas nascem, crescem e viram “purpurina”. Mas essa purpurina que tanto dizem sobre nós, pode ser muito bem substituída pela invisibilidade. Você já parou para pensar que os gays também envelhecem? Que um dia ele foi jovem, desejado e cheio de energia?
Se não é fácil ser idoso no Brasil, imagine para os gays na casa dos 60 aos 80 anos, que são engavetados
do convívio social, sem amigos, sem amores, sem companheirismo e sem família.
E esse isolamento dos gays na terceira idade ou melhor idade, precisa ser suprido com cuidados geriátricos e gerontológicos, contudo essa vivência só será possível com a criação de espaços de saúde mais inclusivos, para a redução da solidão e o incentivo à pesquisas e políticas públicas, preparadas e humanizadas para lidar com a sexualidade e a idade de muitos LGBTQIA+ que necessitam deste amparo.
Além de lidar com todas essas situações lamentáveis, o preconceito com essa parcela da população cresce em todos os setores, e nos próprios espaços gays, como nos aplicativos, onde muitos se aventuram na busca de um encontro casual ou uma conversa. Porém, vale ressaltar que envelhecer não tem nada a ver com diminuição do prazer ou libido. O que tira o tesão são as atitudes preconceituosas nos milhares de perfis e nos APP gays, onde as descrições do que desejam e buscam são mais assustadoras do que uma leitura das reações dos medicamentos nas bulas de remédio, e são cada vez mais excludentes com essa população. É bom lembrar que aqui é apenas uma reflexão pessoal, ainda sem estudo científico. Vou fechando por aqui, parafraseando uma frase que muito escuto:

“Só não envelhece quem morre”.

Depressão
A psicanalista e coordenadora de psicoterapia do Hospital das Clínicas, Dorli Kamkhagi, aponta que o cenário de abandono favorece o desenvolvimento de depressão. A pesquisadora é responsável por um grupo de apoio a homens acima de 55 anos que mantêm relações homoafetivas. Todas as quintas-feiras, os pacientes se reúnem para compartilhar experiências.

Precisamos conversar sobre isso!

Genilson coutinho é ativista LGBTQIA+ e editor chefe do Dois Terços