Genilson Coutinho,
13/07/2011 | 18h07

Em passagem por Salvador para lançamento do filme Cilada.com, Luís Miranda conversou com a equipe do Dois Terços sobre direitos humanos, preferências profissionais, sucesso e preconceito.

Natural de Santo Antonio de Jesus, Luis construiu uma carreira sólida e tem ganhado cada vez mais destaque nos últimos anos tanto em personagens cômicos para o teatro e TV, quanto em personagens dramáticos para o cinema.

Dois Terços: Você prefere fazer comédia ou é escalado para fazer comédia?

Luís Miranda: Eu sou escalado porque tenho facilidade de fazer tipos. Criei muitos tipos principalmente para o espetáculo Terça Insana, então acabam me convidando muito por isso. Teve também o Sob Nova Direção, que fez muito sucesso. No médio e longo prazo, existe a tendência de que isso seja diluído.

DT: Por que veio de Santo Antonio de Jesus para Salvador?

LM: Saí de Santo Antonio muito novo. Minha família que resolveu se mudar. Morei lá até os quatro anos. Depois aqui em Salvador, no bairro de Pau da Lima até os dezoito e já fazendo teatro. Resolvi ir para São Paulo porque a gama de coisas que eu buscava eu poderia encontrar por lá e não aqui em Salvador. Foi uma trajetória muito surpreendente porque as coisas foram acontecendo a meu favor.

DT: O Brasil é um país que tem aversão aos direitos humanos?

LM: A gente vive uma democracia bastante permissiva. Porém existem muitas leis falhas e punições falhas também. Veja o caso dessa última “lei da fiança”, através da qual as pessoas vão poder sair para as ruas por terem cometido delitos considerados leves e, originalmente, inafiançáveis. A gente tende a gostar dessa liberdade, gozar dela em um ambiente político vergonhoso. A administração pública da Bahia tem muitos problemas, veja o caso do metrô de Salvador. Os direitos são bons quando são para nós, mas esquecemos de repeitar o direito dos outros também. É uma forma de respeitar alienada, que vem desde a maneira como a gente vota elegendo pessoas que não têm discernimento. O Brasil acaba sendo um país muito atrasado em direitos humanos.

DT: Como você vê a sua carreira daqui a dez anos?

LM: Não faço muitos planos. A gente não faz planos, a gente realiza a coisa. Não me arrependo de nada do que eu fiz. Algumas coisas eu melhoraria. No geral, tenho ficado muito feliz. Tenho vontade de produzir e talvez até dirigir.

DT: União estável é suficiente para os LGBTs?

LM: Acho que qualquer passo na direção da liberdade de direito de expressão é uma vitória para uma sociedade democrática. A gente chega com atraso nesse campo mas chega bem. As marchas que vêm acontecendo pelo Brasil, as lutas pelos direitos civis, contra o preconceito racial, contra a violência contra a mulher e contra a violência infantil são, em verdade, expressões de uma vontade da sociedade. A lei é a pressão de um povo que deseja e precisa dessas coisas, mostrando que a sociedade quer avançar.

 

DT: O que você acha do discurso feito pela Myriam Rios na Assembleia Legislativa do Rio?

LM: A Myriam Rios tá doente. Quando a gente não tem o que os outros têm… Ela perdeu o trabalho na Globo e se apegou à religião como tábua de salvação. Ela é doente, radical, não sabe o que diz. Não deve ter crédito porque não entende de seres humanos, nem de sociedade, nem de atuação.

Ela caiu no ostracismo, o que significa afinal que é um mundo justo. Ela é digna de pena.

Fotos: Genilson Coutinho