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1ª trans da Superliga, Tifanny Abreu estrela nova campanha da Adidas

Genilson Coutinho,
22/04/2021 | 10h04
 (Reprodução/Divulgação)

Há quatro anos, iniciava-se um novo capítulo na história do vôlei brasileiro. Em um jogo do Vôlei Bauru contra o São Caetano em 2017, pela primeira vez no Brasil uma atleta trans entrava em quadra para jogar por um time feminino. Pelo episódio, Tifanny Abreu foi criticada inclusive entre suas pares, que a acusavam de ser mais forte que as atletas cis (cuja identidade de gênero é a mesma do sexo biológico), o que lhe daria uma certa vantagem na competição. Mesmo com as críticas, Tifanny não desistiu de continuar jogando.

“Eu fui a primeira, e a primeira vai ser sempre massacrada, mal falada e mal vista. Mas as coisas vão mudando, porque as pessoas vão se acostumando. Quando eu relembro tudo o que eu passei eu choro muito, mas hoje eu sou muito acolhida não só pela minha equipe, mas por dirigentes de outras equipes.”, conta Tifanny em entrevista à EXAME. “Hoje vemos muito menos ataques do que antigamente, e ver essa evolução me dá muito orgulho.”

Antes de atuar em campeonatos femininos, Tifanny jogou em times masculinos de vôlei na Europa e também na Superliga masculina de vôlei. Mas foi aos 28, após passar por uma depressão, que ela decidiu iniciar seu processo de transição de gênero – ainda que isso significasse o fim da sua carreira no esporte. Alguns anos depois, em 2015, o Comitê Olímpico Internacional (COI) autorizou a participação de transexuais no esporte, desde que seguissem alguns critérios relacionados à concentração de hormônios, por exemplo.

“Quando me chamaram para participar do vôlei feminino eu dei risada, porque achei que eu jamais poderia, por ser “mais forte”. Como todo leigo, eu não imaginei o que os hormônios fariam como o meu corpo, e não sabia das regras do esporte. Fui descobrindo isso”, conta Abreu. “As pessoas pensam que eu vou ter vantagem, mas sou igual qualquer outra jogadora. Se eu tiver talento, vou ser boa.”