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Ziraldo: “Fernanda Montenegro não tem direito de fazer apologia do afeto homossexual”

Genilson Coutinho,
04/05/2015 | 09h05
Bruno Alves/Flipoços/Divulgação

Bruno Alves/Flipoços/Divulgação

Aceitar a homossexualidade em Ipanema é uma coisa. Aceitar a homossexualidade em Caratinga é outra”. A comparação feita por Ziraldo põe em evidência a diferença de realidades sobre um assunto que não sai da mídia. Estes e outros pontos de vista do cartunista e escritor mineiro poderão ser conferidos na edição de segunda-feira do Hoje em Dia.

Na prosa exclusiva ao jornal, Ziraldo fala sobre seu universo – os livros – mas também sobre mundo virtual, família, velhice e sobre mulheres que amou – e por quem foi amado. Casais homossexuais convivendo numa boa e circulando pelas ruas sem olhares inquisidores. Onde? Só mesmo na ficção. “O problema da homossexualidade é que ela está hiperdimensionada. A TV Globo acha que está fazendo um grande serviço ao ‘modus vivendi’, ao dar chance aos homossexuais de assumirem a sexualidade deles”.

O cartunista, de 82 anos, recorreu a um recente e polêmico episódio sobre a questão no país – a cena do beijo gay entre as atrizes Nathalia Timberg e Fernanda Montenegro, na novela “Babilônia”. “A Fernanda Montenegro não tem direito de fazer apologia do afeto homossexual. Grandes fãs dela estão estarrecidos com isso. E mesmo que ela estivesse pensando em ajudar as mães dos homossexuais… Mas qual é a porcentagem de mães de homossexuais?”, avalia.

Amigo de Guimarães Rosa (1908-1967), Ziraldo exemplifica o extremo à esta situação ao cutucar um aspecto na obra-prima do escritor de Cordisburgo. “No livro ‘Grande Sertão: Veredas’, Guimarães Rosa não teve coragem de fazer Riobaldo assumir a homossexualidade dele. Inventou que Diadorim era uma mulher vestida de homem. Isso é uma coisa mineira”.

Ziraldo é criador da “Turma do Pererê” e de personagens como o Menino Maluquinho. Em plena ditadura (1964-1985), ele foi um dos fundadores do combativo jornal “O Pasquim”. “Quando eu fiz a revista Palavra, eu pedi alguém para escrever sobre isso (Riobaldo e Diadorim), mas livraram um pouco a cara do Rosa”. O cartunista foi escolhido como patrono do Festival Literário de Poços de Caldas (Flipoços), que terminou hoje (dia 3). No próximo ano, o evento adota o tema “De Camões a Machado de Assis: Uma Viagem pela Literatura Clássica”.

Do Hoje em Dia