Véu Carmim explora possibilidades dos jogos de sorte

Genilson Coutinho,
06/06/2011 | 09h06

Um jogo-espetáculo-teatral. É assim que se define Véu Carmim, montagem criada colaborativamente entre o diretor Victor Cayres e a atriz Sara Jobard, que juntos formam o Grupo Pivot. O trabalho parte de improvisações que tem como estímulo a dança do ventre. A partir de uma poética constituída pelo fragmento, pela simultaneidade e pela colagem, a peça conta a história de uma jovem dançarina, suas memórias de violência e a árdua tarefa de superação. As apresentações acontecerão de 8 de junho a 27 de julho, às quartas-feiras, às 20h, no Cabaré dos Novos do Teatro Vila Velha (Passeio Público – Campo Grande).

Estruturada como um jogo de sorte, a montagem constrói uma espécie de labirinto narrativo no qual a jovem dançarina rememora, desabafa, delira e dança. O público é convidado participar da construção da história através do sorteio de cartas que definirão os rumos da história. São quatro símbolos que servem para conduzir os rumos da história a cada apresentação: punhal, véu, derbaque, vela. Para cada elemento escolhido, um caminho diferente de narrativa será trilhado pela personagem. A cada apresentação, combinações de estruturas novas constroem um espetáculo diferente para o público.

“A dramaturgia desenvolvida por nós é inspirada na forma de um documento de game design em que a estrutura de jogo implica em diversos caminhos narrativos” explica Victor Cayres, que é pesquisador da área de dramaturgia de jogos eletrônicos e Mestre em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia. “O público será convidado a decifrar um enigma. A cada apresentação, quatro cartas podem ser retiradas pela platéia em três momentos diferentes – e isso implica nas cenas que se seguirão. São 24 possibilidades de espetáculo, que escondem ou revelam nuances da personagem e elementos da história” acrescenta o diretor.

Véu Carmim estimula a reflexão em torno das violências de gênero, mas também sobre o corpo da mulher, por vezes objetificado e mercantilizado. O próprio olhar sobre a dança do ventre, comumente vista de forma preconceituosa, como um jogo de sedução. “A imagem da mulher na dança do ventre é sempre sexualizada, é sempre a figura da odalisca. O que é uma distorção porque a mulher dança para ela mesma, pela beleza da dança, para seu próprio prazer e nem sempre para o olhar do outro” explica a atriz Sara Jobard, mestranda em Artes Cênicas e por anos dançarina do Grupo Arabesque, voltado para danças árabes.

A peça provoca o questionamento de como a sociedade brasileira lida com a violência contra a mulher e convive com índices alarmantes de ocorrências.  O universo da dança e da musicalidade árabe amarram a estética do espetáculo, que a cada apresentação contará com a presença de uma dançarina convidada diferente, além de apresentar novas possibilidades de história (visto que o público interfere e joga junto com a atriz).

Mais do que um espetáculo onde os dados estão dados, nesse jogo proposto pelos criadores para com o público, o espectador se verá diante de um enigma a ser decifrado. “Véu Carmim mais do que tudo trata do silêncio e se pergunta o que pode ser falado quando se quer silenciar” conclui Cayres.

Serviço:

Onde: Cabaré dos Novos – Teatro Vila Velha (Passeio Público)

Quando: data e horário

Às quartas-feiras, às 20h, de 8 de junho a 27 de julho

Quanto: R$20 (inteira) e R$10 (meia)

E-mailmonica.jornalista@ymail.com

Siteveucarmim.blogspot.com

Contato: Mônica Santana (assessora de imprensa de Véu Carmim) – 9118-5501

Victor Cayres (diretor) – 9241-5563

Ficha Técnica

Game Design: Victor Cayres

Direção: Victor Cayres

Dramaturgia: Victor Cayres e Sara Jobard

Interpretação: Sara Jobard

Cenografia: Sara Jobard

Iluminação: Tarsila Passos

Produção: Eduardo Braz

Realização: Grupo Pivot

 

Créditos Fotos: Nilson Rocha