Tuberculose é uma das principais causas de morte de paciente com AIDS

Genilson Coutinho,
06/12/2013 | 12h12

A tuberculose está entre as principais causas de morte de pacientes com AIDS. Em todo o mundo, aproximadamente oito milhões de pessoas estão, ao mesmo tempo, infectadas pelo HIV e pela tuberculose. No Brasil, 9,7% dos pacientes com tuberculose também têm AIDS. Isso acontece porque os pacientes HIV positivo têm o sistema imunológico deficiente, conforme explica Jaime Rocha, infectologista do Lavoisier Medicina Diagnóstica.

De acordo com o médico, a maioria dos casos de tuberculose é causada pela reativação da infecção adquirida há anos ou por nova exposição. “O estímulo para a reativação pode ser a supressão do sistema de defesa do organismo, como ocorre na AIDS”, relata. O médico também revela que a transmissão da tuberculose é quase que exclusivamente por vias aéreas. “Por meio da tosse de uma pessoa com tuberculose pulmonar são eliminadas gotículas contendo o micro-organismo e podem infectar uma ou mais pessoas em contato íntimo e prolongado. A ocorrência ou não da infecção dependerá também do estado imunológico da pessoa”, explica.

Dados do Ministério da Saúde revelam que entre 2002 e 2012 houve um aumento do percentual de pacientes com tuberculose que fizeram testes de detecção do HIV. No início da década, apenas 26,7% fizeram o exame e, em 2012, o percentual subiu para 53,3%. “Este é um dado extremamente positivo já que, quanto mais precoce for o diagnóstico, melhores as chances de sobrevida”, afirma Rocha.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil está na lista das 22 nações que concentram 82% dos casos de tuberculose no mundo, despontando na 17ª posição do ranking mundial. Em 2012 foram registrados 70.047 novos casos, com uma taxa de incidência de 36,1 por 100 mil habitantes. Nos portadores de HIV a taxa de incidência nacional é 30 vezes maior.

O objetivo da OMS é reduzir pela metade a incidência e a mortalidade até 2015, comparados aos valores de 1990, seguindo as metas pactuadas nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. A OMS divulgou, em 2012, que o Brasil já alcançou esta meta. Em 2010, o número de óbitos foi de 4.659 e o coeficiente de mortalidade foi de 2,4 óbitos por 100 mil habitantes. “As mortes ainda acontecem devido à baixa aderência ao tratamento ou, em algumas situações, a formas resistentes da tuberculose”, diz Rocha.

Tratamento
O especialista afirma que, ao contrário do que muitos pensam, a tuberculose tem cura. No final de 2009 o Ministério da Saúde adotou um novo esquema terapêutico para tratar a doença. O esquema anterior era composto de três drogas e o paciente era obrigado a tomar até nove comprimidos e cápsulas diariamente. O novo esquema teve a adição de uma quarta droga, e elas são concentradas em um único comprimido. Essa mudança se deve ao crescimento no número de casos relacionados à forma multirresistente da doença.

Rocha reforça que a prevenção da tuberculose consiste na vacinação na infância e na detecção e tratamento precoce das pessoas com tuberculose. O diagnóstico depende da suspeita clínica, associada com diversas ferramentas laboratoriais. Já a vacina BCG permite ao organismo criar imunidade contra as formas graves da tuberculose. Ela é indicada para todas as crianças de 0 a 4 anos e faz parte das vacinas infantis obrigatórias no Brasil. Segundo Rocha, estima-se que a BCG ofereça proteção à criança por um período em torno de dez anos.