Travesti formada em curso para vigilante diz que homofobia impede sua entrada no mercado de trabalho

Genilson Coutinho,
02/10/2013 | 14h10

O jornal “Extra” publicou na última terça-feira (1)  uma reportagem especial  sobre uma travesti que fez um curso de vigilante, porém o preconceito e a  homofobia tem sido o grande entrave para sua entrada no mercado de trabalho. Milena Sara Sandim deixou de ser André aos 28 anos e hoje, aos 28 anos, é a primeira travesti formada vigilante no País.

Milena conta como despertou a paixão pela profissão: “Quando passei a morar com o Alessandro, meu marido, me interessei pela atividade dele, que é vigilante há anos”,  revela ela  que concluiu o curso em maio deste ano sem nenhuma perspectiva de trabalho.

Umas das alunas com notas 10 em prevenção e combate a incêndio, além da média 8,51 com aprovação sem ressalvas em armamento, em tiro e primeiros socorros. Na hora do emprego, ela conta que  sempre se candidata com o nome de “André” a uma vaga de trabalho, mas com a ressalva de que é uma travesti. Diante desse fato, ela nunca foi chamada para uma entrevista, mas promete não deixar o preconceito e a homofobia impedir seu sonho em conquistar seu espaço mercado de trabalho.

“A sociedade me cobra uma profissão que ela considere digna. Me qualifiquei naquilo que gosto e agora a sociedade fecha as portas e me inclina novamente para as ruas. Entrei para um curso de formação, aprendi a abordar, imobilizar e atirar. Me joguei no chão, rastejei, mas o difícil mesmo é ficar aqui cinco meses, tendo me candidatado a todas as vagas de Barra Mansa e Volta Redonda, e não ter recebido um retorno sequer. Em São Paulo, fiz ponto e consegui ganhar até R$ 4 mil por mês. Já me prostituí quando foi preciso e estou me esforçando para ter uma vida diferente. Travesti não pode ficar restrito à rua ou ao salão de beleza”, desabafou  Milena.

Atualmente, sem emprego, ela mora com seu companheiro  em Barra Mansa, na casa construída com dinheiro  conquistado na rua. Mesmo com toda dificuldade, Milena não desiste dos  sonhos e segue seus treinos em casa para manter a forma a espera de um emprego . “Caminho para manter meus 74 quilos. Levantar peso, não é sempre, para não ficar musculosa” diz ela.

Foto:Reprodução