Transexuais conquistam espaço no mercado de trabalho de Salvador

Genilson Coutinho,
08/05/2013 | 13h05


Até pouco tempo era raro ouvir falar em transexuais aceitas pelo mercado de trabalho que não fosse em salões de beleza ou realizando atividades artísticas. A transformação nessa realidade começou a chamar atenção na capital baiana após Paulette Furacão assumir a coordenação do Núcleo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) da Superintendência de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH).
Primeira transexual a ocupar um cargo público na esfera estadual, Paulette Furacão foi chamariz para a abertura de novos postos de trabalho em Salvador, como foi o caso de Mahyele, 18 anos, que nesta quarta-feira 8, começa a trabalhar como auxiliar administrativa em uma universidade particular. Moradora do bairro de Pernambués, com ensino médio completo, ela não esconde a emoção trazida pelo desafio em seu primeiro emprego. “Estou ansiosa para iniciar, pois sei que vou descobrir e apreender muitas coisas importantes para nós. Vou dar o máximo de mim para esse novo caminho em minha vida”, afirmou a jovem com um sorriso no rosto.

Sobre o preconceito, ela revela que, apesar de existir em qualquer lugar e não ser fácil, ela segue sem medo. “Tenho apoio da minha família e isso é fundamental. Confesso que não foi fácil conviver com todo preconceito no meu bairro, mas hoje as cosias mudaram e ainda vão mudar muito”, contou.
Outra moradora de Pernambués que também conquistou seu espaço no mercado de trabalho foi a transexual Tuka Peres. Nascida e crida no bairro, aos 29 anos ela ocupa o posto de assessora no gabinete de vereador Suica onde é a responsável por cuidar de questões ligadas à causa LGBT, além de representá-lo em eventos na cidade.
Diante dessa conquista, Tuka conta que, no inicio, foi complicado. “Tive um pequeno impasse para usar o meu nome social no crachá”, explica. Mas passo a passo, tudo foi superado e hoje ela comemora sua posição. “Foi uma conquista da minha independência. Hoje sou referência de sucesso na minha família”.

Mesmo com essas conquistas, todas são unânimes em afirmar que o preconceito e a violência ainda são gritantes na sociedade, principalmente a violência moral, como conta Tuka: “já fui posta pra fora de um banheiro feminino e isso é algo difícil de esquecer. Foi humilhante e constrangedor”, revelou. Para Paulette Furacão, apesar de a luta ser dura e longa, não se pode deixar de buscar novos caminhos e oportunidade para romper com a barreira do preconceito. “Há um ano me senti desafiada e com medo quando recebi o convite para cuidar do núcleo e hoje estamos aqui celebramos o resultado desse trabalho com o lançamento da programação das ações de combate à homofobia em Salvador e no interior, com mais de 80 atividades de conscientização e combate a todas as formas de violência contra a comunidade LGBT”, afirmou.