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Trans e travestis denunciam preconceito no vagão rosa do Recife

Genilson Coutinho,
07/02/2017 | 14h02

Estimativa da CBTU Recife é de que 56% dos 400 mil passageiros diários do metrô sejam mulheres Foto: André Nery/JC Imagem

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Mulheres da Articulação e Movimento para Travestis e Transexuais de Pernambuco (Amotrans-PE) denunciam que funcionários do metrô do Recife têm impedido que elas utilizem o vagão rosa – exclusivo para o gênero feminino e implantando no último mês de janeiro. Elas contam que na última sexta-feira (27) uma travesti chamada Keila Souza foi convidada por um dos guardas a se retirar do espaço sob a justificativa de que aquele equipamento “não era para ela”. A atitude foi considerada uma ofensa que gerou um protesto na Estação Central do Recife, realizado nessa segunda (30). Na ocasião, inclusive, as manifestantes filmaram um funcionário pedindo documentos que comprovassem que elas eram mulheres.

“Quando o vagão rosa foi lançado levantei a pergunta no meu Facebook se este serviço garantia a segurança das mulheres e problematizei se mulheres trans e travestis poderiam ter acesso. Uma pessoa respondeu que um representante do metrô garantiu que nós poderíamos usar o vagão normalmente, mas não é o que acontece na prática”, comentou Fabiana Oliveira, integrante do Amotrans-PE.

Foi através de Fabiana que a travesti Keila Souza se queixou do constrangimento passado ao ser retirada do vagão rosa. “Ela veio conversar comigo sobre o caso e começou a se julgar por estar de short e blusa curta. Eu disse que eu poderia estar nua que tinha que ser respeitada”. Fabiana pediu que a amiga gravasse um vídeo contando o ocorrido para ser postado em sua página pessoal no Facebook.

“Fui barrada no vagão rosa, no dia estava usando um short e blusa curta, pouca maquiagem e cabelo solto. Será que outras travestis e outras trans vão ser barradas no vagão rosa? E eu ainda ouvi comentários de que aquele vagão não era para mim. Eu sou mulher sim. Somos todas mulheres e eu não quero que nenhuma outra sofra o que eu passei”, contou Keila Souza no vídeo.

As mulheres da Amotrans, por sua vez, sentiram na pele a reação dos funcionários do metrô do Recife quando decidiram protestar na estação central. Na ocasião, quatro trans e travestis tentaram usar o vagão rosa e foram impedidas de ultrapassar a barreira que separa o público geral das mulheres que desejam usar o novo equipamento. A situação foi filmada pelas manifestantes da Amotrans e os funcionários, que chegaram a pedir documentação, só liberaram a passagem após ver que a ação estava sendo filmada. Confira o diálogo no vídeo abaixo: