Torcedores do Atlético e do Cruzeiro criam páginas no Facebook contra homofobia no futebol

Genilson Coutinho,
12/04/2013 | 02h04


Expressões sexistas e homofóbicas são comumente usadas por torcedores de times de futebol na tentativa de ofender rivais, jogadores alvos de críticas ou até mesmo árbitros que falham em lances importantes. “Maria”, “Rosana”, “veado”, “bichinha”, palavras que invadem as arquibancadas e podem parecer inofensivas para algumas pessoas, mas, na realidade, demonstram a intolerância da sociedade diante das diferenças. Com o objetivo de combater o preconceito, um grupo de torcedores do Atlético Mineiro abriu uma página no Facebook que vem dando o que falar na rede.
A “Galo Queer” foi fundada na última terça-feira (9) e, em apenas dois dias, já foi “curtida” por mais de 2 mil usuários. “Movimento anti-homofobia e anti-sexismo no futebol dos torcedores do Atlético Mineiro, vulgo Galo Doido. Porque paixão pelo Galo não tem nada a ver com intolerância”, esclarece a descrição da página.
A iniciativa vem recebendo apoio de alguns internautas e críticas de outros. O portal Bhaz conseguiu entrar em contato com a fundadora da página que pediu para não ser identificada, já que a “Galo Queer” vem recebendo ameaças de torcedores que são contra a ideia. “Enquanto não me ameaçarem no meu perfil pessoal vou seguir com a fan page. Muita gente está apoiando e agora temos vários administradores”.
Atleticana desde criança, a criadora da página decidiu propor a discussão da homofobia nos estádios após acompanhar uma partida do Atlético Mineiro. “Estava morando fora do país e, ao voltar para as arquibancadas aqui, notei como tratam as ofensas com naturalidade. Ser homofóbico também engloba agressões verbais”, explicou a jovem em entrevista por telefone.
Até mesmo a escolha da foto do perfil é alvo de debate na “Galo Queer”. Atualmente, o escudo do Atlético Mineiro com as cores da diversidade é o símbolo da página. “Eu nem sei o que dizer! Se eu xingo, se eu denuncio a página e faço campanha no Facebook para todos fazerem o mesmo!”, comentou uma internauta na imagem. Enquanto isso, muitos se mostram a favor da figura. “Atleticanos são atleticanos, independentemente da orientação sexual!”, afirma um “seguidor” da página.

“Gostaríamos primeiramente de dizer que, para nós, pintar o escudo do Galo com as cores da diversidade não é uma ofensa e nem um desrespeito, é exatamente o contrário. Mas esse é um movimento aberto e democrático, por isso convocamos uma enquete: o símbolo do movimento deve ser mantido assim ou deve ser mudado? Comentem com a opinião de vocês, daqui a 24h veremos qual posição tem mais adeptos e faremos o que a maioria quiser”, explicaram os administradores da página em uma postagem feita na quarta-feira (10).
A ideia também inspirou cruzeirenses que também são contra a homofobia. Nesta quinta-feira (11) entrou no ar a fan page “Cruzeiro / Anti-homofobia”. “Futebol é diversidade e não um ambiente hostil que incita violência e preconceito!”, diz um trecho da descrição da página que se propõe a debater os preconceitos de gênero e articular politicamente os torcedores da Raposa. “Não é preciso ser gay para apoiar o combate à homofobia”, afirmam os responsáveis pela iniciativa.
Os administradores do ”Cruzeiro / Anti-homofobia” também contaram ao portal Bhaz que estão recebendo ameaças. Eles se inspiraram na iniciativa dos rivais para fundar a página.
“Estamos cientes que terá torcedores que apoiarão e torcedores que não apoiarão a iniciativa. Os mais conservadores tendem a ser até mais agressivos na forma de expressar a sua opinião contrária, ora porque são contra o movimento, ora por medo de a página ser motivo de piadas preconceituosas de rivais contra o nosso time. O nosso objetivo é justamente esse, mostrar que a orientação sexual diferente não é mais motivo de ofensa ou xingamento, com o intuito de ofender o outro. Atualmente, não cabe mais esse tipo de ‘brincadeira’, até porque existem muitos torcedores homossexuais que acompanham o time de coração tão fielmente quanto torcedores heterossexual”, explicou um dos responsáveis pela página em mensagem enviada ao portal Bhaz.
Fonte: portal Bhaz
Fotos: Reprodução Facebook