Tese sobre o coletivo As travestidas será defendida na UFBA

Genilson Coutinho,
27/03/2019 | 16h03

Foto: divulgação

O doutorando Francisco das Chagas Alexandre Nunes de Sousa, do Programa Multidisciplinar de Pós-graduação em Cultura e Sociedade e integrante do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Culturas, Gêneros e Sexualidades (NuCuS), defenderá, na próxima quarta-feira, dia 3 de abril, a tese intitulada Travestígonas: performatividade de gênero, da política e do luto no teatro de As travestidas. A defesa irá ocorrer na sala 404 do PAF 5, Campus de Ondina, da UFBA.

A banca que irá avaliar o trabalho será composta por Leandro Colling (orientador), Djalma Thürler (UFBA), Leandro de Paula (UFBA), João Manuel de Oliveira (UFSC) e Fran Teixeira (IFCE). A tese é fortemente influenciada pelo pensamento de Judith Butler, entre outros autores e autoras dos estudos queer, decoloniais, da psicanálise e do campo das artes, e destaca o papel político e artístico do coletivo criado na cidade de Fortaleza.

Leia o resumo do trabalho: Este trabalho defende a tese de que o coletivo artístico As travestidas, de Fortaleza, produziu intensos, potentes e amplos espaços de aparecimento para as questões trans no Ceará que serão pensados aqui como a performatividade da política gerada através de uma complexa articulação entre luto, riso, fechação, gongação, críticas ao binarismo de gênero, as dissidências sexuais, a precariedade e a arte transformista e drag no teatro. Essas articulações, motivadas pelo desejo de desobedecer às normas, nos permitem defender que As travestidas se constituem em Travestígonas. Para defender essa tese, analiso a história do coletivo, seus impactos e quatro dos seus espetáculos: Uma flor de dama (2002); Engenharia erótica: fábrica de travestis (2010); BR trans (2013) e Quem tem medo de travesti (2015). Também recorro a entrevistas com pessoas que integram o grupo e coloco todo esse material empírico em diálogo com várias obras dos estudos queer, das subjetividades, da psicanálise e das artes. Mais do que encontrar no coletivo a potência para pensar determinadas obras, conceitos e reflexões acadêmicas, ao final, a tese também oferece leituras distintas sobre essa cena artística e política. Defendo que ela não pode ser analisada e reduzida ao luto ou à melancolia, mas que provoca o que chamo de queerificação do luto e da reparação e uma heterotopia fechativo-lutuosa que aponta um queer por vir.