Técnicas de reprodução assistida são cada vez mais procuradas

Redação,
20/03/2012 | 09h03

Uma mulher jovem casada com um homem vasectomizado recorre à inseminação artificial, com o sêmen doado pelo cunhado, para realizar seu desejo de ser mãe. Outra, com mais de 40 anos, tem dificuldades para engravidar e se utiliza do óvulo de outra mulher para dar à luz um bebê. Estes dois casos fazem parte da trama de duas atuais novelas da TV Globo: “A Vida da Gente” e “Fina Estampa”. Em ambas, as polêmicas envolvendo as técnicas de reprodução assistida estão em alta, seja na “vida real” ou nas redes sociais. Segundo o uro-andrologista e diretor da Clínica do Homem, Francisco Costa Neto, “as técnicas existem há muito tempo e são cada vez mais procuradas, mas ainda geram muita dúvidas e discussão”.

De acordo com o médico, há uma série de normas que regulam a prática, e o indivíduo ou casal tem toda a liberdade para optar pelo procedimento. “Algumas pessoas condenam a técnica de reprodução assistida, mas não se pode negar que se trata de um avanço do ponto de vista médico. Muitas vezes, os problemas de infertilidade podem comprometer seriamente a vida afetiva e sexual do casal. Quando estão de acordo em recorrer à técnica, casais que sofrem com estes problemas se dizem realizados após concretizarem o sonho de conceberem um filho”, diz Neto.

As diferentes variantes da reprodução assistida podem ser classificadas em dois tipos: a inseminação artificial, quando os espermatozoides capacitados são introduzidos mecanicamente no aparelho genital feminino e a fertilização in vitro, que consiste na extração do óvulo (da própria mulher ou de uma doadora anônima) e sua fecundação externa com posterior implantação do embrião.

Além de ser uma opção para casais que tem problemas com a esterilidade, a técnica pode ser um um alívio para as mulheres que anseiam passar pelo processo da maternidade, mas têm dificuldades, como apresentar as trompas de Falópio parcial ou totalmente obstruídas; querem ser mãe depois dos 40 anos ou desejam uma produção independente. “Como na novela Fina Estampa, há muitos casos de mulheres que querem engravidar, mas não encontram um parceiro disposto à dividir  a responsabilidade. Por isso, elas recorrem à reprodução assistida, através dos bancos de sêmen anônimos”, conta Francisco Costa Neto, que mantém um Banco de Sêmen para uso terapêutico em sua Clínica.

Os homens também têm buscado se beneficiar do serviço quando estiverem propensos à fatores de risco que diminuam sua fertilidade. De acordo com Neto, o depósito de espermatozoides conservados em bancos de sêmen são uma excelente alternativa para homens que precisam fazer quimioterapia e podem ficar estéreis, ou aqueles que desejam fazer vasectomia, mas querem deixar uma garantia, caso mudem de idéia no futuro e não tenham sucesso no processo de reversão da vasectomia.

Entenda Melhor:

– Inseminação Artificial

A inseminação artificial é um método utilizado para tratamento de algumas alterações da fertilidade do casal. É um procedimento simples, que consiste em concentrar e introduzir os espermatozoides capacitados diretamente no interior do útero. Normalmente, é utilizado quando seu volume ou sua concentração não é suficiente, ou quando sua mobilidade não é satisfatória. Existem diversos tipos de inseminação artificial, mas todos eles têm a mesma finalidade: aproximar o espermatozoide do óvulo, transpondo um obstáculo feminino ou melhorando a qualidade do espermatozoide. Em geral, neste procedimento, recomenda-se também o estímulo da ovulação na mulher como forma de potencializar os resultados.

– Fertilização in vitro

A fecundação acontece fora do corpo da mulher. Um número significativo de espermatozoides, 50 a 100 mil, é introduzido nos óvulos, em ambiente laboratorial (in vitro), procurando obter embriões de boa qualidade que serão transferidos para a cavidade uterina. O processo permite que o óvulo de uma mulher seja fecundado pelo esperma do companheiro ou de um doador anônimo, ou ainda que o embrião resultante possa ser implantado no útero de outra mulher, a chamada mãe de aluguel.

– Banco de sêmen

O banco de sêmen mantém espermatozoides congelados em nitrogênio líquido por tempo indeterminado para serem utilizados em inseminações artificiais ou outras técnicas de reprodução assistida. Esse processo, denominado criopreservação, é indicado para homens que serão submetidos a procedimentos com possibilidade de comprometer a ejaculação e/ou a produção de espermatozoides. Na quimioterapia, por exemplo, os medicamentos utilizados podem prejudicar os testículos, acarretando efeitos negativos na produção de espermatozoides.