Saúde

Tabagismo aumenta em dez vezes o risco de desenvolver câncer de boca

Redação,
18/05/2022 | 10h05
Oncologista Eduardo Moraes (Foto: Divulgação)

Maio é o mês de conscientização do câncer bucal e no próximo dia 31 se comemora o Dia Mundial de Combate a esse tipo de câncer. A data, criada conjuntamente com o Dia Mundial Sem Tabaco, foi instituída pela Organização Mundial de Saúde para conscientizar a população sobre as doenças e danos à saúde causados pelo cigarro. De evolução silenciosa, o câncer de boca costuma ser diagnosticado tardiamente e é responsável por mais de seis mil óbitos por ano no Brasil. De acordo com estimativas do INCA (Instituto Nacional de Câncer), 15.190 novos casos de câncer de boca e orofaringe devem ser diagnosticados no Brasil em 2022, sendo 11.180 em homens e 4.010 em mulheres. 

“O tabagismo pode aumentar em até dez vezes a possibilidade de uma pessoa desenvolver um câncer na boca e na cavidade oral”, explica o oncologista, Eduardo Moraes, do NOB Oncoclínicas. “Se além de fumar, o indivíduo também consumir álcool esse risco é elevado exponencialmente”, acrescenta o especialista. Outro fator de risco para desenvolvimento desse tipo de tumor é a má higiene bucal. No caso do câncer de orofaringe (cavidade oral logo atrás da boca), a infecção por HPV também é um fator de risco importante.

Aftas ou feridas na boca que não cicatrizam, dificuldade para mastigar ou engolir alimentos, caroços ou inchaço na bochecha, nódulos na garganta, manchas vermelhas ou brancas na cavidade bucal são alguns dos sintomas que podem estar associados à doença e devem ser investigados. O especialista chama a atenção: “qualquer lesão na boca que persista por mais de duas semanas deve ser avaliada por um médico ou dentista”. Quando diagnosticado e tratado precocemente, esse tipo de tumor pode ter até 90% de chance de cura.

Tratamento

De acordo com o Grupo Oncoclínicas, o tratamento do câncer de boca, na maioria das vezes, é cirúrgico tanto nas lesões menores, com menor repercussão funcional, quanto nos tumores maiores. A radioterapia e a quimioterapia podem ser indicadas para complementar o tratamento cirúrgico ou quando a cirurgia não é possível de ser realizada (doença irreversível).

A cirurgia normalmente consiste na retirada do tumor e inclui também a retirada dos linfonodos do pescoço. Nas cirurgias maiores, pode ser necessária a ressecção de segmentos ósseos. Podem também ser realizados outros procedimentos em um segundo tempo para restabelecer a função da área ressecada.

Os últimos anos foram de evolução no tratamento do câncer de boca, que agora inclui:

  • Radioterapia IMRT: é um tipo de radioterapia que tem maior precisão na hora de tratar o tumor. Com isso, o paciente apresenta menos efeitos colaterais e os resultados são mais expressivos;
  • Terapia-alvo: são drogas que funcionam de forma diferente da quimioterapia padrão. Elas tendem a ter efeitos colaterais diferentes (e menos graves) e atuam impedindo que a célula tumoral se multiplique, retardando ou mesmo interrompendo o crescimento das células cancerosas. Esta terapia pode ser combinada com a radioterapia para alguns tipos de câncer em estágio inicial ou com a quimioterapia em casos avançados; e 
  • Imunoterapia: esse tipo de tratamento aumenta a atividade das células de defesa do paciente para combater a doença. Pode ser utilizado combinado ou não com quimioterapia, a depender de características clínicas do paciente e da expressão do PDL1, que é uma proteína presente na superfície do tumor.

Prevenção

A prevenção do câncer bucal está relacionada aos hábitos de vida. “Não fumar, evitar bebidas alcoólicas em excesso, usar protetor solar labial, sexo oral só com proteção, tomar a vacina contra HPV e fazer uma boa higiene bucal são medidas importantes na prevenção desse tipo de câncer”, alerta o oncologista Eduardo Moraes.