Opinião

Stonewall :Por outros 50 anos de resistências

Redação,
28/06/2019 | 09h06

por Gabriel Teixeira

Quando celebramos os 50 anos da Rebelião de Stonewall, no Dia do Orgulho LGBT, é preciso estabelecermos um paralelo entre a expansão da dominação dos ditos moralistas daquela época e o momento atual, em que assustadas observamos o crescimento dos discursos de ódio às pessoas LGBTQI+, sustentados inclusive por lideranças religiosas e políticas de um bando de criminosos, contrariando a evolução do Brasil que vinha avançando na produção de políticas públicas de promoção e defesa dos direitos de tais pessoas, amparado na Constituição Federativa do Brasil.

A realidade do Brasil atual, onde o congresso se mostrou omisso e a comunidade LGBTQI+ através da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADO26 foi levada ao Supremo Tribunal Federal – STF revelou que assim como em Stonewall a força de uma sociedade organizada permitirá sempre que maiores conquistas sejam alcançadas, sobretudo em face às práticas de um “governo” reconhecidamente defensor da lgbtfóbia, sustentada pelo atual “presidente” durante o último processo eleitoral.

A atual conjuntura política nos convoca à construção de um novo paradigma, onde a atuação do estado vá ao encontro destas manifestações pela liberdade das identidades e afetos que estão amparadas pela Constituição Federativa do Brasil e pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, de modo que todas as pessoas possam encontrar os espaços e agentes de defesa de tais direitos; de forma a contribuir para o pleno desenvolvimento e para justiça social.

Passado os 50 anos, nossa luta segue tão atual e necessária para que possamos resistir ao crescimento da onda conservadora revanchista, permitindo o protagonismo de cada pessoa LGBTQI+ na construção de suas histórias e consequentemente ressignificando a nossa. Dando pleno significado para construção da Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social à ser traduzida na formulação e execução das políticas públicas, através da participação coletiva e integralizada.

Que sejamos capazes de juntas construirmos os meios de acesso e permanência em condições mais justas, onde as diversas identidades se reconheçam em igualdade de direitos e possibilidades de expressões, independente das crenças e opiniões das outras identidades possíveis.

Gabriel Teixeira
É Psicólogo Social, ativista do movimento negro, militante LGBT e atua como Coordenador Estadual de Políticas LGBT na Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social do Estado da Bahia.

Em respeito a todas as pessoas que tombaram e aquelas que ainda lutam por nossos direitos.