Comportamento

Social

SJDHDS e Faculdade Cairu promovem bate-papo sobre Psicologia e LGBTfobia

Genilson Coutinho,
19/05/2019 | 11h05
A importância da Psicologia no combate aos preconceitos e estigmas contra a população LGBTIQ+ foi tema da palestra “Psicologia nas Construções pelo Fim da LGBTfobia”, realizada, nesta sexta-feira (17), pela Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS), em parceria com a Faculdade Cairu, em Salvador.
O evento, ocorrido no Dia Internacional de Combate à LGBTIfobia (17/05), faz parte da programação do Maio da Diversidade da SJDHDS, mês de luta pela garantia e promoção dos direitos de gays, lésbicas, bissexuais, trans, travestis e pessoas não-binárias.
O secretário da SJDHDS, Carlos Martins, participou do encontro e parabenizou a realização do debate, o classificando como “fundamental e importante”, uma vez que “as pessoas estão morrendo por causa da sua orientação sexual”. “Nós, do Governo do Estado, temos a preocupação de oferecer políticas públicas para combater esses preconceitos. Na SJDHDS, temos o Casarão da Diversidade, que proporciona uma gama de serviços prestados para o público LGBT e ações de combate à LGBTfobia”, reforçou.
A cada 16 horas, um LGBT é assassinado no Brasil em razão de orientação sexual ou identidade de gênero, de acordo com relatório composto por dados do Disque 100, ONG Transgender Europe (TGEU) e do Grupo Gay da Bahia (GGB) de 2011 a 2018. O total é de 4.422 LGBTs mortos no período, o que equivale a 552 mortes por ano. O país também lidera o número de assassinatos de pessoas trans no mundo, segundo dados da TGEU: das 271 pessoas transgênero assassinadas em 72 países, 125 dos casos foram registrados apenas no Brasil, entre 1º de janeiro a 30 de setembro de 2018.
“O dia 17 simboliza resistência e enfrentamento, pois é quando adquirimos nossa condição de não patologizados. Mas ainda é necessário discutirmos as práticas de LGBTfobia dentro da Psicologia, usarmos conceitos inclusivos, respeitosos, e focarmos em diálogos pautados na desconstrução”, frisou o coordenador LGBT da SJDHDS e também psicólogo, Gabriel Teixeira, que ainda explanou acerca do processo histórico e interseccionalidades voltados à temática.
Dentre os serviços oferecidos pelo Governo do Estado, por meio do Casarão da Diversidade, se encontram o acolhimento e orientação psicossocial e jurídica, a partir de acompanhamentos prestados por profissionais de Psicologia, Direito e Pedagogia. No local, ainda funciona o Centro de Promoção e Defesa dos Diretos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CPDD), que já registrou mais de 2 mil atendimentos desde que abriu as portas em 2018.
O representante do Conselho Regional de Psicologia (3ª Região – Bahia), Anderson Fontes, também esteve presente no encontro e falou sobre as resoluções 01/99 e 01/18 do Conselho Federal de Psicologia, que estabelecem normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual e às pessoas transexuais e travestis, respectivamente. “A LGBTfobia é diária. Nossa condição de existência não é a causa do nosso sofrimento, mas de como a sociedade nos enxerga”, destacou. O bate-papo também contou com a participação do professor Thiago Wesley e da coordenadora do curso de Psicologia da Cairu, Cristina Goulart.
Para a estudante, Tainan Moniele, 20, a discussão é fundamental para sua formação enquanto psicóloga. “Para além de ser mulher LGBT e militante, o que foi falado aqui contribui para nossa formação diversificada, pois, enquanto psicólogos, vamos ter que lidar com as subjetividades do outro”, afirmou.