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Sexo anal e as infecções sexualmente transmissíveis: como identificar os sintomas

Genilson Coutinho,
21/08/2019 | 18h08

Carta Capital 

Depois de comentar sobre os cuidados para quem pratica sexo anal e da prevenção do câncer de ânus relacionado ao vírus do HPV, chegou a hora de ficar atento aos sinais e sintomas de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) do ânus. Lembrando que cada dia mais estamos deixando de lado o termo “doença” sexualmente transmissível devido ao estigma que carrega de algo crônico e incurável. A maioria das ISTs tem sim cura, ou pelo menos, tratamento.

“Ah, mas é só usar o preservativo que não vou pegar nenhuma infecção.” Pois é, meus caros, sinto-lhes dizer que não é tão simples assim. Primeiramente: nenhum método é totalmente eficaz na prevenção, apesar de a camisinha chegar próximo aos 100% de eficácia para a maioria das infecções. Segundo: sexo vai muito além da penetração do pênis no ânus. Qualquer contato íntimo, seja com as mãos, dedos, boca, língua, saliva e/ou brinquedos pode transmitir certos tipos de infecções, cada uma com a sua particularidade.

Vamos começar falando um pouco da IST mais conhecida, o HIV. O risco de transmissão do vírus pela via anal chega a ser até 100 vezes maior para quem está realizando o sexo anal receptivo (passivo), comparando com o sexo anal insertivo (ativo), ou o sexo vaginal (insertivo ou receptivo). O risco de transmissão por via oral é realmente baixo, aumentando quando há contato com o esperma ou quando há feridas na boca ou no ânus.

O sexo oral no ânus, também conhecido popularmente como “beijo grego” ou “cunete”, traz também alguns riscos. Lembrando que o nome “chique” para essa prática é anilíngue e não cunilíngue como muitos pensam (que é o sexo oral na vagina). A principal infecção que pode ser transmitida por essa prática é o vírus da hepatite A, que pode ser prevenida por meio de vacina (não havendo necessidade quando a pessoa já teve a doença no passado) e costuma causar febre, amarelão e ser autolimitada, ou seja, cura sozinha. As infecções parasitárias, como giárdia e ameba, também podem ser transmitidas por essa via. Neste caso, o uso de vermífugos anualmente e consulta com o seu médico quando houver sintomas como dor abdominal e diarreia podem ajudar a tratar e prevenir a transmissão desses agentes.

O uso da saliva como lubrificante na hora do sexo anal potencializa o risco de IST, principalmente a clamídia e a gonorreia. O uso de lubrificantes específicos para o sexo, normalmente os a base de água ou silicone, diminui o atrito e também o risco de micro lesões que podem facilitar a entrada de agentes infecciosas.