Sala VIP

“Sempre fui visto como uma bicha estranha”, afirma Liniker

Genilson Coutinho,
27/04/2016 | 09h04

Show no Pelourinho/ Foto: Genilson Coutinho

Finalmente chegou a vez de Salvador receber o cantor que está dando um show com a sua arte, mas também com a sua personalidade que esbanja naturalidade para lidar as questões de gênero e sexualidade. Estamos falando do cantor Liniker, que na última sexta (22) arrastou uma multidão de fãs para Praça Tereza Batista, em sua estreia em solo baiano. Na correria, o artista arranjou um tempinho para um papo rápido com a nossa equipe. Veja como foi:

Foto: Genilson Coutinho

Dois Terços: Como está sendo Salvador pra você?

Liniker: Foi minha primeira vez aqui, eu nunca tinha vindo. Foi uma experiência chegar em Salvador pela primeira vez e fazer um show esgotado. Muito doido. Estou adorando Salvador. Desde a hora que eu cheguei eu fiquei encantado. Eu vejo as pessoas nas ruas e eu me sinto parte disso.

DT: Como está sendo a vida em sua cidade Araraquara (SP) após seu trabalho conquistar visibilidade nacional através das redes socais e dos meios de comunicação?

Lk: Antes eu não tinha visibilidade, eu era uma bicha estranha. Este é até um lugar de rever as coisas. A partir do momento que elas têm visibilidade elas…as outras pessoas mudam o olhar delas sobre as outras pessoas. O que é bom, mas, né, deixa a gente um pouco com o pé atrás. E todas as bichas que estão em Araraquara e que não têm visibilidade rola um preconceito de olhar na rua e achar estranho. De fazer careta, cara feia. Mas eu não me deixo me tombar não, eu acho que… eu voltei para Araraquara, continuo usando minhas saias, passando meu batom para sair na rua, mas rola algo de sentir uma representatividade sim. De as pessoas terem uma coisa especial por mim.

DT: Como você pensa que a comunidade LGBT deve lidar com os preconceitos que ainda persistem na sociedade?

Lk: Eu acho que o lance é esse, a partir do momento que a gente não deixa a sociedade calar a gente e muito mais bichas começarem a sair do jeito que elas se sentem a vontade na rua, elas vão criando uma proporção maior e a gente vai criando força. Então eu acho que o que faz esse movimento ficar tão forte é a gente não deixar a gente não calar a gente. E deixar que o nosso coração fale, o nosso sentimento. É muito bom ver como muitas outras bichas se inspiraram em outras bichas e o poder delas, assim, estão muito fortes. Não só as bichas, mas todas as mulheres, as trans. Eu percebo que está rolando uma expansão pelo amor. Uma libertação de ser quem se é mesmo

DT: O que achou de Jean Wyllys ter cuspido Bolsanaro?

Lk: Eu não sei, aquela situação que ele estava é complicado, era o momento do Impeachment e tudo. Eu não sei o que eu faria, mas  acho que o Jean soube o que ele fez. Não sei muito o que dizer, era uma situação de tensão além do histórico, dos afrontos que ele vive no cotidiano dele na câmara.

Veja a galeria de fotos do show em Salvador.