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Seminário ‘Diga Sim ao Amor’ discute homofobia e LGBTfobia no MP

Genilson Coutinho,
09/09/2016 | 10h09

Foto: Genilson Coutinho

“Nossa missão é buscar a felicidade. Não consigo entender como há intolerância com aqueles que só buscam amar”, destacou a procuradora-geral de Justiça, Ediene Lousado, na abertura do seminário ‘Diga Sim ao Amor’, que aconteceu hoje, dia 8, durante o 2º encontro do coletivo ‘Mães pela Diversidade na Bahia’, na sede do Ministério Público estadual, em Nazaré. Ela ressaltou ainda que “o MP está, cada dia, mais engajado nessa luta pelo amor”. A violência contra a população LGBT e o papel do Poder Público foram os principais temas debatidos durante a manhã por representantes do MP, Tribunal de Justiça (TJ), Defensoria Pública, Ordem dos Advogados da Bahia (OAB/Ba), ‘Mães pela Diversidade’, Secretaria de Segurança Pública (SSP), da Universidade Católica do Salvador, e ativistas sociais.

Segundo a promotora de Justiça Lívia Vaz, coordenadora do Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher e da População LGBT (Gedem) e do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhis), o objetivo do evento foi discutir as violências sofridas por esse público e propostas de ação do Poder Público. “O sistema de Justiça não pode se furtar a essa situação”, ressaltou. Na ocasião, a promotora de Justiça Márcia Teixeira, coordenadora do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos (CAODH), apresentou a campanha lançada recentemente pelo MP ‘Famílias contra a homofobia e LGBTfobia’, que tem como mote ‘A homofobia não separa enquanto há amor para unir’. Ela destacou que o segundo tipo de denúncia mais registrada via ‘Disque 100’ está relacionada a casos de violência ocorridos dentro da família.  “Esse projeto vem sendo planejado desde 2015, quando começamos a receber um grande número de denúncias de práticas homofóbicas. Daí percebemos a importância da família para apoiar as pessoas LGBT a se aceitarem e serem mais felizes”, afirmou.

Foto: Genilson Coutinho

Um dos destaques da programação foi a presença do militante Avelino Mendes Fortuna, representante do ‘Mães pela Diversidade’ de Goiás e pai do jornalista Lucas Fortuna que foi assassinado em 2012, vítima da homofobia, em Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. Avelino Fortuna contou que perdeu Lucas, mas que a militância pelos direitos das pessoas LGBT o fez ganhar milhares de filhos e filhas em todo o país. “É preciso entender que ter um filho LGBT não é triste. E que pode ser a maior alegria do mundo”, afirmou. Avelino é viúvo e teve três filhos. O mais velho, Lucas, era jornalista e ativista LGBT e foi assassinado com apenas 28 anos, cerca de dez meses depois que sua mãe morreu. “As mães do coletivo me acolheram. Elas me fizeram perceber que a luta do meu filho e da minha mulher não podia morrer, pois era uma luta pelo direito de amar e ser amado. Então percebi que a única homenagem digna que podia fazer por essas vítimas dessa sociedade hipócrita e machista era continuar nessa luta”, afirmou emocionado. Desde o assassinato do seu filho, Avelino se tornou ativista pelos direitos dos homossexuais e população LGBT, transformando sua tristeza em ação e luta.

Assista o vídeo da campanha  Famílias contra a Homofobia e LGBTfobia lançado nesta quinta-feira (8), durante o seminário.

O evento também contou com a presença da coordenadora nacional do ‘Mães pela Diversidade, Maju Giorgi, e da representante da entidade na Bahia, Cristiane Sarmento. “Temos que dar mais visibilidade às pessoas transexuais e transgêneres, que são as mais excluídas da nossa sociedade”, disse Maju Giorgi. O coletivo nacional é formado por mães e pais de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Surgiu há pouco mais de um ano, em São Paulo, como um movimento político para lutar pela garantia de direitos civis. As integrantes do coletivo participam de eventos em todo o país para discutir estratégias e políticas públicas que garantam o respeito a essa população. Também articulam grupos de apoio para famílias, onde prestam orientação sobre como dar suporte a um filho ou filha homossexual e LGBT, com o intuito de minimizar o impacto na família da homofobia e LGBTfobia.

Foto: Genilson Coutinho

A chefe do MP baiano, Ediene Lousado, dividiu a mesa de abertura do seminário com a desembargadora Nágila Brito, representando a presidente do TJ, desembargadora Maria do Socorro; com as promotoras de Justiça Márcia Teixeira e Lívia Vaz; o defensor público geral, Clériston Cavalcante; o presidente da Comissão de Diversidade Sexual e Combate à Homofobia, da OAB/Ba, Felipe Gabelot; Cristiane Sarmento, representando o ‘Mães pela Diversidade’ na Bahia; o coordenador de Ações Institucionais e Políticas Públicas, da Superintendência de Prevenção à Violência da SSP, Tenente Coronel Jayme Ramalho, representando o secretário, Maurício Barbosa; com a professora da Ucsal Vanessa Cavalcante; e a defensora pública Eva Rodrigues, coordenadora dos Direitos Humanos da Defensoria Pública.

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