Sala VIP

Sala Vip: “A maior dificuldade foi escolher bons entre bons”, afirma coreografo do Sarau du Brown

Genilson Coutinho,
14/01/2016 | 10h01

wluiz

Não há dúvidas de que o Sarau Du Brown é um dos eventos mais prestigiados por baianos e turistas no verão de Salvador. E um dos segredos da festa, além da grande estrela de Carlinho Brown, é a constante busca por inovações, evidente a cada nova edição. Neste ano, as inquietações do Cacique resultaram em um corpo de baile que está dando o que falar, composto por 23 bailarinos de Salvador que trouxeram ainda mais beleza e plasticidade ao Sarau. Para conhecer como foi o processo de seleção dessa galera, nossa equipe bateu um papo descontraído com o coreografo Luiz Ferron. Confira como foi:

Foto: Genilson Coutinho

Dois Terços: Ferron, qual foi a sua  maior dificuldade para seleção do corpo de Ballet do Sarau Du Brown?

Luiz Ferron: Eu diria que foi selecionar os bailarinos pela quantidade de profissionais com qualidade. Selecionar bons entre bons é bem mais trabalhoso. Se é que podemos chamar isso de dificuldades, rs.

DT: O ballet tem sido bastante elogiado pelo público. Você esperava essa repercussão?

LF: Por morar em São Paulo não acompanho esses comentários, pois não permeio os meandros da dança locais. Fico muito feliz em saber disso por você. Acredito que quando há comprometimento e dedicação com o projeto proposto ampliamos as possibilidades de apresentarmos um resultado mais qualificado, poético e belo. Penso que fizemos isso, nos dedicamos muito.

Foto: Genilson coutinho

DT: Desde 1983 que você tem desenvolvidos grandes trabalhos  com foco na cultura afro-brasileira. Essa experiência facilitou a concepção coreográfica para o Sarau?

LF: Sim, isso facilitou muito. Mas veja, sou conhecido no mertiér da dança cênica paulista e nacional como um artista que trabalha com a diversidade corporal e cultural. Esse foi um dos fatores que me levou a dirigir coreograficamente esse projeto.

DT: Tem algo que lhe chamou atenção no que se refere ao grupo selecionado?

LF: Acho que posso dizer que a diversidade de experiências. São 23 bailarinos e cada qual apresenta uma formação e experiência sui-generis.

Foto: Genilson Coutinho

DT: Salvador não é um polo de danças, porém nos últimos anos tem conquistado muitos espaços. Como você avalia a dança na capital baiana?

LF: Penso ao contrário. Salvador é a detentora da primeira universidade de dança do Brasil, a UFBA, desde 1954, se não me falha a memória. Tem também o balé folclórico, a Funcep, várias escolas privadas e uma malemolência corpo-cultura não encontrada em nenhum outro lugar do país. Salvador tem uma formação híbrida variando desde as escolas eruditas até as afro-brasileiras. Isso gera uma riqueza única. Talvez o que falte é mais incentivo financeiro pelos órgãos públicos para que a dança seja feita de maneira humana e digna com condições de sobrevivência e desenvolvimento técnico.

Foto: Genilson Coutinho

DT: Você acredita que ainda há muito preconceito  com os rapazes que escolhem a dança como profissão?

LF: Acredito que sim, mesmo que não da mesma forma de outrora. Nos anos 80 sofri muita discriminação. Mas veja, tudo depende de com qual espaços lidamos. Veremos o machismo das antigas em vários rincões do Brasil, pura desinformação que bem sabemos ser a caretice de pessoas desinformadas.

Foto: Genilson Coutinho

DT: Quais serão os próximos projetos em solo baiano?

LF: A princípio ficar pelo menos um mês conhecendo a rotina de dança de cada um dos 23 bailarinos do balé do Brown. Depois comprar um apartamento e criar a minha ponte particular: Salvador-São Paulo-Salvador. Kkk