Sala VIP

Sala VIP com Wagner Moura

Genilson Coutinho,
17/03/2011 | 00h03

Cenas do filme

Ontem (15), às 21h, houve a pré-estreia para imprensa e demais convidados do filme VIPs, com Wagner Moura no elenco, direção de Toniko Mello e produção de Fernando Meirelles.

Baseado no livro “VIPS – Histórias Reais de um Mentiroso” escrito por Mariana Caltabiano, o filme tem estreia nacional prevista para 25 de março. Narra a história de Marcelo Nascimento da Rocha, que tem muita dificuldade de viver com sua identidade. Seu maior prazer é imitar as pessoas e se passar pelos outros. Alimentando o sonho de tornar-se piloto como o pai, Marcelo foge de casa e começa a maior aventura de sua vida, se passando por diversas pessoas diferentes. Até dar o maior golpe de sua vida: assume a identidade do empresário Henrique Constantino, filho do dono da companhia aérea Gol, em uma grande festa no Recife.

Desenvolto e muito educado, Wagner Moura topou uma conversa exclusiva (e VIP) com o Dois Terços antes da sessão começar.

Dois Terços: Como você construiu o personagem?

Wagner Moura: Ele é um personagem bonito. É um menino se buscando, que tem uma percepção da realidade muito diferente da nossa. Então, quando ele faz isso é como se ele projetasse uma lente sobre a realidade. Ele fica se experimentando em outras identidades. É um personagem que se ramifica para vários outros. A tentação foi fazê-los bem diferentes um do outro, isto é, as suas identidades uma muito diferente uma da outra. Mas, tentei trabalhar o que os une e não o que os separa. São muitos, mas um só.

DT: Ele não se adequa?

WM: Não acho que seja inadequação e sim uma busca levada às últimas conseqüências, hiperbólica.

DT: Quais são a sua maior semelhança e diferença com o personagem?

WM: É um filme sobre alguém que se busca, que se procura. Nesse aspecto, somos semelhantes pois eu estou sempre tentando me aproximar de mim mesmo. Mas não de forma tão exagerada como ele.

DT: Você foi convidado para participar de Elysium, a nova ficção científica de Neill Blomkamp, diretor de Distrito 9. Como reagiu?

WM: Vai ser a minha segunda ficção científica pois acabei de gravar O Homem do Futuro, que é uma mistura de ficção científica com comédia romântica. Estou super a fim de fazer o filme com o Blomkamp. Foi o primeiro convite desse tipo que aceitei de imediato.

DT: Você diria que o Marcelo é um personagem carismático?

WM: Acho que sim.

DT: Você acha que as minorias políticas poderão se identificar e curtir o personagem?

WM: Marcelo é um personagem que se olha no espelho e não se vê, não se reconhece. Ele olha para o próprio rosto e não se vê. Talvez o começo da aceitação de um homossexual de sua própria sexualidade seja análoga à busca de Marcelo por sua própria identidade. Porque quem tem uma orientação diferente da maioria no começo se rejeita, e só então vai se descobrindo e se gostando.

DT: Você acabou de ser pai… O que você acha da maternidade/paternidade e adoção entre casais do mesmo sexo?

WM: Acho massa! Outro dia vi um filme, “Minhas mães e meu pai”, que tratava desse assunto e era muito bom, muito legal. O mundo todo ainda é muito careta, muito conservador, mas as coisas têm melhorado. Boto muita fé nas próximas gerações, que certamente terão um olhar menos preconceituoso, mais claro e honesto. A adoção gay plenamente aceita vai fazer parte desse momento, quando as pessoas vão dizer “Vamos parar de palhaçada!” porque a vontade de ser pai ou mãe independe de com qual gênero você se relaciona.

Foto: Divulgação

Foto: Genilson Coutinho