Comportamento

Sala VIP

Social

Sala Vip: Ativista do Movimento LGBT, Keila Simpson conversa com o Dois Terços

Genilson Coutinho,
08/08/2014 | 15h08

keila

Keila Simpson Sousa, ativista do Movimento Social Organizado, conversou com a equipe do site Dois Terços nesta Sala Vip Especial sobre sua participação na 20º International AIDS Conference, um dos eventos mais importantes na luta contra a aids. Keila contou quais foram os principais pontos deste encontro, sobre o teste rápido para HIV e da sua situação atual da comunidade trans na Bahia.

Confira a entrevista na íntegra!

DT – No mês passado você participou do 20º International AIDS Conference. Quais foram os principais avanços que você observou como positivo na luta contra a aids no mundo?

KS – Os avanços apresentados aconteceram de forma globalizada, nada muito específico para qualquer população chave (é como chamam agora as antigas populações vulneráveis). Como no Brasil, o mundo também está trabalhando com a PREP (medicamento usado para prevenção da doença). 

Foram apresentados também novas tecnologias de prevenção, que vão para além do uso do preservativo. Vale destacar também a forma como foram apontados os casos de homossexualidade com Aids nos países que criminalizam a orientação sexual e as consequências negativas de leis contra homossexuais na propagação da doença.

“Não ficaremos de braços cruzados enquanto governos, em violação de todos os princípios dos direitos humanos, aplicam leis monstruosas, que apenas marginalizam as pessoas mais vulneráveis da sociedade”, declarou a virologista francesa Françoise Barre-Sinoussi, que ganhou o prêmio Nobel de Medicina em 2008.

DT – O teste rápido tem sido bastante incentivado pelo governo e pela própria militância. Que fatores você atribui ao medo das pessoas realizarem o teste?

KS – Cada vez mais é importante que as pessoas conheçam o seu estado sorológico e as facilitações dessas testagens que servem para que as pessoas possam conhecer e se cuidar. Claro que é necessário um apoio para as pessoas que estão se testando e com isso o conhecimento seria imediato. O temor que temos observado nas discussões sobre esse tema é como se cuidar e qual apoio a população teria em receber o seu estado positivo. Para a população Trans, essa questão do sigilo se torna muito importante porque elas trabalham com prostituição e em grupo, e quando esse segredo vem à tona dificilmente se consegue manter essa pessoa no anonimato, por isso é preciso muito cuidado quando essas estratégias inovadoras, como por exemplo o teste com fluido oral.

DT – A comunidade trans tem conquistado cada vez mais espaço, principalmente na luta pelo nome civil nos principais estados do Brasil. Como você avalia essas conquistas da comunidade trans?

KS – É uma bandeira de luta que escolhemos a uns 15 anos atrás e hoje a gente tem muito orgulho dela está pautada em todos os movimentos trans e em parceiros governamentais, ou não. Acredito que conseguiremos com essas ações, mobilizar cada vez mais pessoas e entidades para que a gente consiga num futuro bem próximo uma lei nacional para resolver essa questão.

DT – Na Bahia, as mulheres trans e os homens trans seguem no processo de mudança do registro civil junto a Defensoria Pública do Estado da Bahia. Como está esse processo?

KS – É uma ação coletiva construída em parceria com a Defensoria Pública e a associação de travestis de Salvador. É uma proposta pioneira e que teve uma aceitação muito positiva por parte de travestis e transexuais. Essa população necessita de ações diversificadas para atender as suas demandas, mas a nossa orientação é que elas impetrem diversas ações em diversas instâncias, para que a gente normalize e popularize essas ações até o dia que tivermos e conseguirmos uma lei federal aprovada.

DT – Nas eleições de 2014 muitos candidatos simpatizantes a causa gay estão levantado a bandeira prol LGBT nas suas campanhas. Como você tem acompanhado essa movimentação?

KS – É importantíssimo ter esse assunto em pauta e em propostas de governos, pois precisamos cada vez mais dessa pauta presente. Claro que temos candidatos e candidatos, e compete a nós escolher e apoiar aqueles que têm histórico de defesa e de empenho com as nossas bandeiras de lutas. Também é preciso estar muito atento para os aproveitadores, que usam esses momentos para nos enganar com suas propostas inexequíveis.

DT – A inclusão da comunidade trans no mercado de trabalho baiano ainda é pequeno. Existe algum projeto que vise mudar esses números?

KS – Existem iniciativas muito tímidas nessa questão e as políticas infelizmente ainda não começaram a entrar nesse campo. Nós pelo movimento trans, estamos pautando já com o Ministério do Trabalho para que as ações comecem a aparecer a partir de lá, mas não é só isso, é preciso mobilizar e sensibilizar a sociedade, e a classe de empresários para que consigam absorver essa mão de obra.

Fala de Keila Simpson no lançamento do projeto ‘Proteja O Gol’.

Sobre Keila Simpson:

Keila Simpson Sousa; Ativista do movimento social organizado, Vice presidente Trans da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais ABGLT, Secretária de Comunicação e Assuntos Internacionais da Associação Nacional de Travestis e Transexuais ANTRA, Coordenadora Geral do Centro de Referência e Promoção dos Direitos LGBT Michele Marry Gomes.