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Saiba tudo sobre o preservativo feminino. Mitos e verdades

Genilson Coutinho,
27/06/2017 | 10h06

O Brasil é o país que mais compra preservativos femininos no mundo, via o governo federal. No período de 2002 a 2016 o Ministério da Saúde adquiriu 74 milhões de unidades de preservativos femininos (PF).

O preservativo feminino é uma forma de prevenção eficaz para redução da transmissão das infecções sexualmente transmissíveis (IST), do HIV, das hepatites virais, bem como, do zika vírus. A dispensação dos preservativos femininos acontece para todas as mulheres, considerando as necessidades declaradas pela usuária e a disponibilidade do mesmo nos serviços de saúde do SUS. Para tanto, é fundamental que possamos desburocratizar o acesso, e derrubar os estigmas e a falta de informação em relação a este insumo.

A importância do preservativo feminino deve-se ao fato de ser um dispositivo de prevenção sob controle da mulher e, para além disso, um método iniciado e usado no seu corpo. Ele dá maior autonomia às mulheres em relação ao seu corpo e sua vida sexual, em especial quando têm dificuldade de negociar o uso da camisinha masculina em suas parcerias. Entretanto, ainda hoje, existem desafios para a maior adesão ao seu uso. É preciso enfrentar aspectos complexos da ordem da cultura sexual, das barreiras de gênero e das sexualidades.

O preservativo está ligado diretamente a sexualidade das mulheres, a qual ainda é vivenciada com muitos tabus: sexo, vergonha, medo de se tocar, dificuldades de negociarem o uso do preservativo, impossibilidade de dialogar sobre seus corpos, que são apontados aspectos que dificultam uma melhor adesão. Para negociar o seu uso é preciso dialogar sobre os corpos das mulheres e sobre a erotização das relações sexuais. É preciso incentivar as mulheres a conhecer o seu próprio corpo, se tocar, conversar e experimentar o sexo com prazer, afinal seu uso permite as mulheres uma outra alternativa para sua proteção. Investir em fazer sexo com proteção e com prazer é um caminho a ser percorrido para popularizar esse preservativo. Para tanto, os homens são parceiros fundamentais numa concepção da corresponsabilidade das relações.

O Preservativo Feminino é confortável, é resistente, não aperta o pênis, independentemente de sua dimensão, é antialérgico (pessoas com resistência ao látex podem usar tranquilamente), pode ser colocado algumas horas antes da relação sexual, não necessita aguardar a ereção do pênis e por ser bem lubrificado proporciona às mulheres com insuficiência de lubrificação, maior conforto e prazer durante a relação sexual. Além disso, algumas mulheres afirmam que sua utilização é mais prazerosa quando comparado com o preservativo masculino, por ter um anel flexível que massageia levemente o clitóris. Também importante observar que o sexo oral poderá ser realizado com o uso do PF. Importante também destacar que ele previne outras IST, pois a parte que recobre os grandes lábios (o que não é possível usando a masculina), evita o contato da vagina ou pênis, portanto, só vantagens.

Por fim o preservativo feminino é um poderoso insumo de proteção, por isso é preciso chegar até as pessoas. Entende-se a necessidade de ampliar sua oferta no planejamento e nas ações de promoção da saúde da mulher, contribuindo para a ampliação da sua autonomia no enfrentamento do HIV e das outras IST. Ao mesmo tempo, contribui para o enfrentar os desafios na redução das desigualdades entre homens e mulheres, principalmente no que diz respeito ao acesso e poder de decisão frente aos direitos sexuais e os direitos reprodutivos.