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Rohmanelli inaugura nova fase e revela single de próximo disco com o clipe “Não me ligue mais”

Genilson Coutinho,
17/09/2020 | 17h09

Uma ruptura com o passado e um olhar para o futuro marcam o novo single e clipe do cantor italiano Rohmanelli. Radicado no Brasil há mais de 20 anos, ele prepara o lançamento do primeiro volume de seu próximo álbum, “[Brazil’ejru]”, para o dia 29/09 após três anos de produção e participação de variados artistas. É o caso de “Não me ligue mais”, faixa que recebe os convidados Renata Swoboda e Wagner Éffe, este último também compositor ao lado de Rohmanelli. A música já está disponível para audição nas plataformas e o clipe, no canal de YouTube do artista.

Assista a “Não me ligue mais”: https://youtu.be/hCEaH0nbXzU

Ouça: https://smarturl.it/NaoMeLigueMaisSingle 

Pronto para dar um novo passo em sua carreira musical, Rohmanelli vai lançar, pela primeira vez, um disco inteiramente em português – daí o título inspirado na representação fonética da palavra “brasileiro”. A letra de “Não me ligue mais” foi, inclusive, influenciada pela morte de um dos grandes nomes do cenário nacional, embora musicalmente a identidade da faixa seja amplamente voltada para o pop e eletrônica com inspiração oitentista.

“Essa  é uma declaração de cansaço que escrevi no dia da morte do cantor e compositor Belchior. Me senti muito solidário com ele e com sua escolha de largar tudo e ficar longe dos holofotes e do barulho. Acho que cada um pode se identificar com esse sentimento, mais ainda agora com tanta pressão nas redes sociais, telefone, mídia, é uma solicitação constante de todos os lados e nem sempre de qualidade… Mas pode ser também o cansaço por uma relação abusiva, penso nas muitas mulheres que sofrem violência em casa e não conseguem se livrar desses ex-maridos ou ex-namorados mesmo quando mudam de endereço, telefone, etc… Enfim, acho que qualquer pessoa que queira recomeçar sua vida de uma forma mais humana, sem ódio e agressões, pode se reconhecer nela, espero”, reflete Rohmanelli.

O clipe, dirigido por Bruno Ropelato, se distancia de uma interpretação meramente romântica para a letra. A ideia era propor uma sensação de suspensão, de algo sem tempo e espaço, um lugar indefinido onde fosse possível exorcizar o mal estar provocado pelas demandas online. A estética caminha entre um clima de anos 90, mas ao mesmo tempo contemporâneo em que os três artistas – Rohmanelli, Renata Swoboda e Wagner Éffe – dialogam mesmo estando fisicamente distantes, já que a gravação aconteceu durante a pandemia do coronavírus.

Esta é a terceira música inédita de Rohmanelli lançada este ano, e vem para antecipar um pouco do conceito de seu próximo disco. “Apesar de ser a mais pop, aparentemente a menos ‘brasileira’ do álbum, ela tem um pathos tão grande, uma intensidade e uma paixão  tão verdadeiras e viscerais que bem representa a minha identidade, meio italiana e meio brasileira. Acho que sintetiza bem todos esses mundos opostos que represento: pop e lírica, Brasil e Itália, anos 80 e cultura urbana e pop”, analisa.

Usar a música como forma de questionar padrões sexuais, amorosos, políticos e religiosos faz parte do discurso forte na arte de Rohmanelli. Reinvenção é palavra-chave no trabalho do artista que começou sua carreira na música em 2014, com a banda Vita Balera. O projeto explorava o rock alternativo com letras em italiano e chegou a lançar um EP homônimo. Antes disso, ele estudou música erudita e canto lírico. Após o fim da banda, focou no seu projeto solo de música eletrônica alternativa ao lado do produtor e músico argentino Jeronimo Gonzalez

Foi aí que nasceu Rohmanelli, unindo estética, figurino, letra e música. Em 2016, ele lançou sua estreia com o álbum “Anomalous”, um trabalho conceitual que trafegava entre o português, inglês e italiano e que gerou sete videoclipes. Em 2018, Rohmanelli lançou “Fanatismi”, um álbum em italiano e muito mais maduro, reunindo experiências e parcerias adquiridas nos primeiros momentos da carreira. Desde então, suas composições passaram pelas mãos de DJs, produtores e músicos do Brasil, da América do Sul e da Europa. 

Seus lançamentos mais recentes, incluindo este single, são um novo passo nessa sonoridade que une influências do punk, da eletrônica, do rock e do pop. É o que Rohmanelli chama de “transpop”, uma musicalidade sem barreiras de gêneros e idiomas. Agora, ele se prepara para lançar um trabalho refletindo suas duas décadas vivendo no país. Intitulado “[Brazilejru]”, o álbum contará com as já lançadas “Macho Discreto”, “Tonea픓Do jeito que o mundo está”.

Ficha técnica

Produção da música Binho Manenti e Rohmanelli

Mix e master Rafael Pfleger (Pimenta Studios)

Participações Renata Swoboda e Wagner Éffe

Produção clipe: Direção, edição e roteiro Bruno Ropelato

Produção Bruno Ropelato e Rohmanelli

Make up e figurino Ricardo Saugo 

Participações Renata Swoboda e Wagner Éffe

Letra

Não me ligue mais

Eu estarei lá atrás 

No quintal da minha vida

encarando a parede vazia

Não me ligue mais

Pois onde se quer esquecer

nenhum ruído faz sentido

Nenhum sentido faz meu coração querer

cansei da dor de todo dia

cansei da vida tal qual a conheci

Cansei de tanta hipocrisia

Cansei de morrer um pouco a cada sim

Não me ligue mais

Eu estarei lá atrás 

No quintal da minha vida

encarando a parede vazia

Não me ligue mais

Deixe-me só, por favor, sozinho

Morando no silêncio 

enquanto berram todos meus vizinhos

cansei da dor de todo dia

cansei da vida tal qual a conheci

Cansei de tanta hipocrisia

Cansei de morrer um pouco a cada sim

Cansei de tantas fantasias 

cansei da vida tal qual a conheci

cansei da dor de todo dia

Cansei de morrer um pouco a cada sim

Por isso não me ligue mais

Já não há mais galos, noites e quintais

Não me ligue mais

Já não há mais galos, noites e quintais

Não me ligue mais 

aliás 

não ligue mais pra mim.