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Roda de Conversa com Indígenas LGBTI promove discussão sobre preconceitos e respeito aos direitos humanos

Genilson Coutinho,
10/05/2019 | 01h05

Pensar as políticas públicas de forma transversal foi o que motivou a realização da Roda de Conversa com Indígenas LGBTI, realizada na tarde desta quinta-feira (09), no espaço do 3º Acampamento dos Povos Indígenas da Bahia. Mais de 600 indígenas de todas as regiões da Bahia estão acampados no Centro Administrativo da Bahia.

Promovido pela Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS), o encontro contou com relatos de homens gays, mulheres lésbicas, mulheres bissexuais e não-binárias que guardam dentro de si o orgulho dos povos indígenas e buscam mais participação e diversidade em suas comunidades.

A jovem Laís Eduarda, do povo Tupinambá da região de Olivença, no município de Ilhéus, ressaltou o caráter inédito do encontro e a importância da discussão para as pessoas LGBTI dos diferentes povos indígenas. “Essa é uma pauta extremamente importante porque dentro das comunidades indígenas, assim como em muitos segmentos da sociedade, nós ainda temos muitos tabus. Somos vários povos, cada povo lidar com essa questão de uma forma, alguns mais abertos e outros mais fechados”, pontuou a jovem.

Ainda de acordo com Laís, a reunião permite a abertura do horizonte e das discussões com o objetivo de avaliar estratégias para pautar o assuntos nas diferentes comunidades.  “Essa reunião serve para abrir os horizontes, ver como tratar o tema em cada comunidade, com cada pessoa falando da sua experiência a partir da realidade do seu povo e da sua comunidade. Assim podemos alinhar e orientar para avaliarmos melhor as estratégias. O ponto principal é: o fato de sermos LGBT não nos torna menos indígena”, afirmou.

Para Luís Pataxó, da Aldeia Velha, no município de Arraial D’Ajuda, a questão é delicada e precisa ser discutida e tratada com sensibilidade, respeitando a tradição, mas conquistando espaço e respeito.”A reunião foi muito interessante no sentido de preparar a juventude LGBTI dentro das nossas comunidades. Acredito que com respeito, preparação e formação nós podemos avançar e derrubar o preconceito”, pontuou o jovem.

Promovido pela Coordenação LGBT com o apoio da Coordenação de Políticas para Povos Indígenas, ambas da Superintendência de Apoio de Defesa aos Direitos Humanos da SJDHDS, o debate teve como objetivo promover a transversalidade das discussões sobre políticas públicas.

Segundo Gabriel Teixeira, coordenador LGBT da SJDHDS, esse primeiro diálogo é um ponta pé inicial na formulação de estratégias para levar a discussão para dentro das comunidades indígenas. “A partir do que ouvimos aqui, acredito que demos um passo histórico no processo de construção da luta LGBT dentro do movimento indígena. Vamos pensar e estudar as estratégias para que essas pessoas sejam representadas na construção da política”, explicou Teixeira.

O coordenador pontuou ainda a necessidade de um assento de representação dos povos indígenas dentro do  Conselho Estadual dos Direitos da População de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CELGBT). “O que ouvimos aqui hoje nos provoca a pensarmos a nossa estratégia para acessarmos a formação das pessoas LGBTI dentro das comunidades indígenas. É um estímulo para pensarmos e trabalharmos ainda mais”, finalizou.