Rafaella Vieira fala ao dois Terços

Fábio Rocha,
11/06/2011 | 19h06

 

 

“Depois daquele beijo”, romance de estreia da jovam pernambucana Rafaella Vieira, narra o envolvimento entre duas adolescentes, Michelle e Caterine, que estudam na mesma classe de um colégio em Recife. A obra utiliza um tom leve e bem humorado para tratar questões típicas da idade, como festas, amigos, projetos de escola e namoros. Há a insegurança de um primeiro envolvimento amoroso e os exageros de sentimentos adolescentes, mas a autora evita descrições muito intensas de sensualidade. Rafaella conversou com o Dois Terços sobre sua paixão pela literatura, lesbianismo e união estável.

 

Dois Terços: Conte-nos um pouco da sua historia e da sua paixão pela literatura?

Rafaella Vieira: Sempre gostei de escrever e ler desde pequena, adorava criar histórias e personagens, portanto a literatura faz parte da minha vida há anos. Acho que eu saí da barriga da minha mãe com um livro na mão.

 

DT: Você trabalhou durante seis anos no ramos da advocacia, o que a fez mudar para o mundo da literatura?

RV: A paixão pela arte de escrever. Acho que quando a gente descobre a nossa vocação e um sonho, temos que ir em busca disso. Foi o que eu fiz: fui atrás do meu sonho de ser escritora.

 

DT: O seu livro “Depois Daquele Beijo” conta a história do enlace romântico de duas adolescentes no Recife. Houve algum motivo especial sobre a temática além da descoberta do amor das personagens ?

RV: Tinha a ideia de escrever um livro sobre duas garotas, pois nunca havia lido nada assim antes (em termos de literatura juvenil, que é o que eu gosto de escrever). Geralmente um livro teen não possui protagonistas que vivem uma relação homoafetiva, eu achei que seria uma ótima história e daí um dia veio a inspiração (através de comunidades que eu vi na internet).

 

DT: O livro foi lançado este mês em sua terra natal. Existem planos para lançá-lo em Salvador ?

RV: Creio que tudo depende da aceitação do público e da repercussão. Se a galera quiser eu faço lançamento até na China! (rs)

 

DT: Você disse que gosta muito de escrever, porém queria viver dentro das suas obras. Fale- nos um pouco desse desejo.

RV: Todo mundo que ama ler e escrever já pensou em morar dentro de um livro. Eu me divirto tanto com as histórias que crio que muitas vezes já me sinto dentro de um dos meus livros, com as minhas personagens… É mágico isso de entrar na história. Se eu pudesse viveria ali para sempre.

 

DT: A literatura voltada para o publico gay masculino é cada vez mais crescente e consumida por esse público. Como você tem visto o mercado literário para meninas?

RV: Acredito que para ter sido criada uma editora especializada em livros lésbicos como a Brejeira Malagueta é porque existe um mercado.

 

DT: Falando agora do seu lado advogada, como você analisa a decisão do STF no último dia 5 de maio, a saber, a aprovação da união homoafetiva?

RV: Eu acho que “antes tarde do que nunca”. É isso aí, a sociedade caminha para a frente e as leis têm que dar respaldo a todos.