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Radialista é agredido a pauladas e diz ser vítima de homofobia ao sair de bloco de carnaval em SP

Genilson Coutinho,
27/02/2020 | 13h02

G1

O radialista Felipe David da Silva, 29 anos, foi agredido com tapas e pauladas ao sair do bloco de carnaval Sai Hétero, na República, no Centro de São Paulo, na noite desta segunda-feira (24). Ele pediu para usar o banheiro de um bar na Rua Martins Fontes, quando foi agredido.

Ele postou um vídeo em rede social quando ainda estava internado no Hospital São Camilo, afirmando ter sido vítima de homofobia. Silva teve alta nesta terça-feira (25) e passou por exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML) nesta quarta-feira. Ele sofreu um corte na cabeça e precisou levar seis pontos.

“Infelizmente estou aqui porque eu virei estatística. Tomando soro, acabei de levar duas pauladas na cabeça dentro de um estabelecimento, um bar em que estávamos eu, minha irmã e alguns amigos na Augusta. Aí eu pedi para usar o banheiro, ele não deixou, eu perguntei porque ele não deixou e recebi um tapa na cara e duas porretadas na cabeça”, disse Silva.

Ele disse no vídeo que não sabe como aconteceu a agressão, mas que logo viu que a irmã também estava sendo agredida. “Minha irmã levou uma [pancada] no braço. Queria conscientizar vocês que a homofobia está aí, não teve nenhum tipo de discussão, comentário chulo da gente, a gente só perguntou se podia usar o banheiro e ele disse não.

“Virei estatística no carnaval, onde eu acho que carnaval devia ser celebração, com uma classe que eu defendo, que eu vou continuar defendendo e eu não consegui entender até agora o motivo. Infelizmente acabou assim, tomem cuidado. Fique atento, porque a homofobia é real, ela está aí. Espero que essas pessoas que fizeram isso que as medidas serão tomadas, que elas entendam que a gente só quer disseminar o bem”, completou o radialista.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o caso será investigado por policiais do 4º Distrito Policial de São Paulo (Consolação), responsável pela área dos fatos. “Um inquérito policial para prosseguimento das investigações e adoção das devidas providências.”

O dono do estabelecimento foi identificado por policiais militares que chegaram no local da agressão. “Tinha dois policiais militares no posto policial. Eles disseram que colheram os dados dele e que conversaram com ele. Orientaram meus amigos a não voltarem ao local para não perderem a razão. Foi isso que os policiais falaram. Eu não consegui falar com os policiais porque estavam suturando minha cabeça”, disse Santos ao G1.

“Eu estava com roupa de carnaval, sunga dourada, glitter no rosto, fantasia de carnaval mesmo. Um amigo meu disse que assim que eu entrei no bar e o dono do lugar já ficou de olho em mim. Quando minha irmã e meus amigos pegavam uma bebida no bar eu fui ao banheiro. No caminho o dono do lugar colocou um cabo de vassoura na minha frente para impedir que eu entrasse. Não houve discussão, nada, só levei o tapa e depois as pauladas. Uma pessoa ouviu ele gritar’ viado’ quando eu saía do bar”, disse o radialista ao G1.

Neste mês, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), sancionou uma lei que pune todo tipo de discriminação contra a população LGBTQI+ por parte de pessoas físicas e jurídicas.

O descumprimento prevê advertência e multa, cujo valor ainda não foi definido. Em caso de estabelecimento comercial, poderá haver a suspensão de funcionamento por 30 dias ou mesmo a cassação do alvará.