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Publicidade LGBT no Brasil será tema de debates nesta sexta-feira (26), em Salvador

Genilson Coutinho,
25/02/2016 | 23h02

Marcelo Cerqueira (Foto: Genilson Coutinho)

O presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira, participa nesta sexta-feira, 26, às 11h, nas dependências da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA), da mesa redonda “Publicidade envolvendo o público LGBT: pesos e contrapesos.”

O tema abordado pelo palestrante fala sobre “a importância da sociedade civil organizada para a veiculação de publicidades inclusivas, democráticas e representativas”. Trata-se de um momento propício para ressaltar o protagonismo do movimento social e dos indivíduos em publicidades que causaram polêmica como a campanha da marca O Boticário, que protagonizou uma batalha entre LGBTs e setores religiosos da sociedade.

A campanha “Casais” lançada em junho do ano passado, para promover produtos da Boticário no dia dos namorados, mostrava casais de todas as orientações sexuais em momentos de afeto, incluindo LGBT. Só pelo fato da inclusão de um casal gay no vídeo, foi motivo para que setores conservadores da sociedade boicotassem a peça publicitária como inadequada. Esse fato gerou muito debate nas mídias tradicionais e sociais, gerando pontos de vista favoráveis e contrários ao conteúdo.

Por meio de nota a imprensa, a Boticário se posicionou, afirmando que a campanha abordava com respeito e sensibilidade a ressonância atual sobre as mais diferentes formas de amor, independentemente de idade, raça, gênero ou orientação sexual. O vídeo da peça recebeu mais de 3,5 milhões de visualizações. Para os LGBTs, diante da polêmica, comprar o perfume “Último Desejo” tonou-se questão de honra, personalidades como Marcelo Cerqueira e a artista Daniela Mercury adquiriram o produto e postaram fotos nas redes sociais.

Há três décadas da fundação do Grupo Gay da Bahia (GGB) em Salvador, pelo antropólogo Luiz Mott, mesmo diante dos avanços sociais, reconhecimento das relações homoafetivas como núcleos familiares,  exposição do tema nas novelas de grande audiência no Brasil, ainda o poder de consumo, formação de opinião graças às novas mídias sociais em  territórios livres, onde circulam milhões de LGBTs ( Lésbicas, gays, bissexuais e pessoas trans), as grandes marcas preferem manter-se no armário em vez de veicular publicidades de bens e serviços voltadas para o público LGBT. O armário tem sido zona de conforto para algumas marcas que vendem, mas não reconhecem o público consumidor.

De acordo com o GGB, essas empresas estão com dias contados para sair do armário e o caminho para as ruas vai ser feito em um passo. A entidade considera que com a crise financeira que impactou as famílias tradicionais, reduzindo gastos de forma drástica, essa mesma situação não possui impacto considerável junto às rendas dos LGBTs que vivem em uniões estáveis ou ainda os solteiros, grupos cada vez mais ávidos de consumo on line, incluindo ampla parafernália de aparelhos eletrônicos,  celulares, computadores, veículos, moda fashion, eletrodomésticos e turismo.

Mesmo sem publicidades direcionadas e patrocínios aos eventos da classe, os LGBTs continuam consumindo produtos dessas empresas que fazem opção pelo armário, por algum tempo, mas não por muito tempo. O consumidor LGBT cada dia fica mais atento aos rótulos dos produtos e avaliam inclusive as práticas comerciais realizadas, política de inclusão social, combate ao assédio moral, benefícios aos casais homoafetivos. “ Não basta somente fazer a publicidade, é preciso agir dentro da empresa instituindo politica e código de ética socialmente sustentável”, alerta Marcelo Cerqueira.

O evento tem inicio ás 8h e segue até às 16h com os palestrantes Joseana Suzart, Álon Maurício, Dra. Lívia Santana, Luã Lessa, Carolina Grant, Dr. Felipe Garbeloto (OAB) e Dra. Fernanda Barreto (OAB), organizado pela Associação Baiana de Defesa do Consumidor (ABDECON), apoio da Faculdade de Direito da UFBA.