Saúde

Protocolos de prevenção garantem biossegurança de pacientes nos consultórios odontológicos em meio à pandemia de Covid-19

Redação,
17/06/2021 | 14h06

Cuidados específicos têm sido adotados por cirurgiões-dentistas, equipes auxiliares e pacientes

(Foto: Divulgação)

Muitas pessoas adiaram ou simplesmente abandonaram as visitas regulares aos consultórios odontológicos desde o início da pandemia de Covid-19 pelo receio de serem infectadas pelo vírus causador da doença, o Sars-CoV-2. O resultado deste descuido está cada vez mais evidente, já que a incidência de cáries e doenças gengivais, entre outros problemas, cresceu no período. Este incremento é preocupante, inclusive por ser a boca uma das portas principais de entrada do vírus no organismo. A melhor forma de reverter essa situação é por meio do combate à desinformação. Saber que rigorosos protocolos de prevenção da infecção têm sido adotados pelas equipes que atuam nos consultórios odontológicos pode transmitir à população a segurança e o estímulo necessários para a retomada dos cuidados com a saúde bucal.

Sem desconsiderar as exceções, os cirurgiões-dentistas sempre se destacaram por sua preocupação com a biossegurança e este cuidado tem sido intensificado nas clínicas e ambulatórios que priorizam o controle de qualidade de seus processos e se preocupam com a preservação da saúde dos pacientes. Boa parte dos ajustes e adequações nas estruturas e rotinas desses locais foi inspirada no Manual de Boas Práticas em Biossegurança para Ambientes Odontológicos, editado pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) no início da pandemia. As orientações contidas na publicação têm como base os cuidados a serem adotados no ambiente clínico não só pelo cirurgião-dentista e equipe auxiliar, mas também pelos pacientes.

De acordo com a cirurgiã-dentista Ana Carla Robatto, as mudanças nas rotinas incluíram a intensificação de cuidados que já existiam, tais como a esterilização (limpeza profunda capaz de destruir todas as formas de vida microbiana) do ambiente clínico com agentes de desinfecção de superfícies de nível hospitalar, a colocação de barreiras mecânicas descartáveis e impermeáveis em equipamentos e o uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPIs (jaleco/avental impermeável, touca, luvas, máscara cirúrgica, óculos e protetores faciais, entre outros). “Incluímos uma pré-lavagem do espaço antes da imersão em detergente enzimático usado em hospitais. Passamos a fazer a checagem da limpeza dos instrumentais com uma lente de aumento. Além disso, a proteção de superfícies e os protocolos de desparamentação (remoção dos EPIs) também tornaram-se mais rígidos no cenário pandêmico”, detalhou.

Na Éfika Odontologia Digital, por exemplo, houve uma série de ajustes voltados para a garantia da biossegurança do paciente. Antes da consulta, ele responde a um formulário digital para triagem de sintomas sugestivos da Covid-19. Na sequência, recebe um pequeno vídeo com orientações do tipo: venha usando máscara e só traga acompanhante se realmente for necessário. Quando chega à sala de espera, que é exclusiva, já que a clínica só atende um paciente de cada vez por horário mediante agendamento prévio, a temperatura corporal é aferida, assim como a saturação de oxigênio. Antes de entrar nessa sala, o paciente recebe óculos de proteção, protetores de sapato e touca. Após sentar-se na “cadeira de dentista”, a máscara do paciente é adequadamente guardada numa embalagem descartável. “Sempre usamos o sugador de forma constante para reduzir aerossóis, mas este hábito tornou-se ainda mais relevante no contexto pandêmico”, destacou Ana Carla Robatto, que é mestre em odontopediatria, professora da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e sócia da Éfika.

Os pacientes são estimulados a dar prosseguimento aos cuidados ao chegarem em casa após a consulta odontológica. Entre as dicas que recebem neste sentido, destacam-se: não tocar em nada antes de se higienizar; retirar os sapatos na entrada; higienizar celular e óculos com álcool 70%; colocar as roupas em uma sacola dentro do cesto de roupa suja ou diretamente na máquina para lavar; tomar banho assim que chegar em casa e manter a higiene bucal diária em dia, por meio da escovação dental e uso diário de fio dental. “Os prejuízos da negligência para com a saúde bucal são imensuráveis. Precisamos continuar nos protegendo contra a Covid-19 sem, no entanto, esquecer de que as outras doenças, inclusive aquelas que afetam a boca e os dentes, não deixaram de existir e precisam ser prevenidas e tratadas”, concluiu Ana Carla Robatto.