Projeto LGBTQ de Salvador é vencedor do edital LGBT+ Orgulho do Itaú Unibanco ; conheça

Genilson Coutinho,
29/11/2018 | 23h11

O baiano já em São paulo

Uma alegria sem tamanho, compartilhar com vocês esse momento! E o DIVERSILIBRAS, que começou tão tímido, em primeiro momento boicotado, e que vem aos poucos dando voz e vez às Pessoas LGBTs com deficiência e pessoas LGBTs surdas, está na FINAL do LGBT+ Orgulho do Itaú e Mais Diversidade. Foi com essa postagem no instagram que o baiano Álon celebrou a noticia da seleção do projeto entre os 10 selecionados pelo  Edital Itaú + Orgulho.

O projeto Diversilibras concorreu com mais 300 inscrições de todas as regiões do país, com projetos incríveis, que estimulam o poder de transformação das pessoas LGBT+ em áreas como cultura, educação, empreendedorismo e tantas outras. O DIVERSILIBRAS é um dos ganhadores e único da capital baiana.

Álon conversou com o Dois Terços na manhã  da última  terça-feira (28), minutos antes do embarque para São Paulo, para paricipar do Out&Equal, maior congresso mundial sobre LGBT e organizações, que acontece em São Paulo.

Nesta quinta (29), foram anunciados os projetos  selecionados para receber o apoio dentre eles o projeto baiano.

Conheça abaixo os quatro selecionados para receber o apoio de R$ 40 mil:

  • Direitos e Saúde para a População LGBT de Roraima. Iniciativa que prevê o acolhimento da população venezuelana LGBT+ refugiada que chega a Boa Vista diariamente.
  • DIVERSILIBRAS – Comunidade Surda e Pessoas LGBTs com Deficiência. De Salvador, o projeto envolve a produção de conteúdo para a comunidade LGBT com deficiência.
  • Festival de Cultura, Cidadania e Direitos Humanos LGBT de Favelas. Localizado no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, é um festival de cultura de diversidade realizado em uma das maiores comunidades do País.
  • CAPACITRANS, da Zona Oeste carioca, trata-se de um projeto que estimula formação profissional para a população LGBT+ em situação de vulnerabilidade, com foco em pessoas trans.

 Os outros dois finalistas que receberão mentoria do Itaú e/ou apoio da Mais Diversidade são:

  • MoocLGBTI+ – Pessoas Talentosas fazem a Diferença, de Curitiba.
  • ROLEGBT na Quebrada.

 Os projetos selecionados foram avaliados por especialistas do Itaú, consultoria Mais Diversidade e representantes da comunidade LGBT+. Foram considerados aspectos como representatividade regional e atuação em conjunto com outros pilares da diversidade, como raça e etnia, gênero, pessoas com deficiência, idade, gerações e refugiados, assim como os de caráter cultural, educacional, esportivo ou social.

 “A quantidade imensa de inscrições demonstra o potencial de realização da comunidade LGBT+ no Brasil, comenta Ricardo Sales, fundador da consultoria Mais Diversidade e doutorando na USP.

Sobre como nasceu o projeto, o baiano revela:

A ideia nasceu a partir da minha vivência com pessoas com deficiência (cegos, síndrome de down, cadeirantes, amputados, baixa visão…), e também com pessoas surdas…trabalhar com essas pessoas, ser amigo de muitas delas…fez com que começasse a me indagar por que nunca tocavam nos assuntos sobre sexualidade, diversidade sexual, etc. Comecei a ouvir alguns relatos de abuso sexual na infância/adolescência sofridos por pessoas surdas, mas elas não eram “escutadas”, pois a família e pessoas próximas não sabiam Libras…pessoas cegas que não tinham autoestima positiva, deficientes físicos que diziam que muitos sentiam pena deles mas não atração sexual

Além disso, a escassez de informações em formatos acessíveis (Libras, Braille, etc) faz com que essas pessoas não acessem informações básicas, de assuntos sobre saúde, segurança, direitos…comecei a gravar vídeos em Libras no Celular, com temas como prevenção ao HIV, Ideologia de Gênero, LGBTfobia, etc.

Escrevi o projeto Diversilibras para criar um espaço para que essas pessoas LGBTs com deficiência tivessem protagonismo, que saíssem da invisibilidade, pois quando juntamos marcadores sociais em um indivíduo, como por exemplo uma mulher negra, cega e lésbica…existe aí uma interseccionalidade e inúmeros preconceitos que são sofridos. Por acreditar que informação e educação são fundamentais para acabar com os preconceitos, é que o Diversilibras se coloca como um projeto fundamental para a nossa sociedade. O único no Brasil, pioneiro e que pretende crescer muito com a criação de oficinas profissionalizantes e orientação profissional para pessoas LGBTs com de, seminários, vídeos acessíveis etc.

Acredito que políticas de inclusão só funcionam quando consideramos as interseccionalidades.
E que os eventos do Diversilibras são todos acessíveis. Locais com rampas ou elevadores, Audiodescrição para cegos e baixa visão, Intérpretes de Libras etc.

Álon participou este ano da Semana LGBTQ + Shopping da Bahia e Dois Terços, onde fez uma abordagem do projeto e de como a população de surdos e mudos são tratados na sociedade.