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Projeto Corre LGBT promove ação para incluir LGBTs no mercado de trabalho

Redação,
14/02/2019 | 09h02

Foto: Genilson Coutinho

Lésbicas, gays, bissexuais, trans e travestis puderam se cadastrar em 80 vagas de emprego e receber mais de 200 encaminhamentos de intermediação de mão de obra na edição do SineBahia Móvel LGBTQ desta quarta-feira (13), que ocorreu das 9h às 15h, no Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT (CPDD-LGBT) da Bahia, localizado no Casarão da Diversidade, no Pelourinho.
A iniciativa faz parte das ações do Projeto Corre LGBT, uma parceria entre as secretarias estaduais de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), Educação (Sec) e SineBahia, com apoio da Educação de Jovens e Adultos (EJA), Secretaria Municipal de Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza (Semps) e das organizações Mães Arco-Íris, Desabafo Social e Wakanda Warriors. O objetivo é promover cidadania e inserir a população LGBT no mercado de trabalho.

Atendimento ocorre durante o dia ( Foto: Genilson Coutinho)

“A situação da empregabilidade já é delicada. Se a pessoa não tem uma formação adequada, cai no que a gente chama de ‘subemprego’. E para nós, LGBTs, principalmente as pessoas trans, não é só questão da capacitação, mas também do preconceito de muitas empresas”, explicou a coordenadora do Projeto, Thifany Odara.
Segundo dados coletados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e Agenda Bahia do Trabalho Decente/Setre, o Brasil, além de ser o país com mais registros de assassinatos de LGBTs do mundo (um LGBT morto a cada 19 horas), também discrimina lésbicas, gays, bissexuais, trans e travestis no mercado de trabalho, onde 33% das empresas evitam a contratação de LGBTs; 66% dos trabalhadores já testemunharam situações de discriminação pela orientação ou identidade sexual no ambiente de trabalho e cerca de 90% das mulheres trans e travestis sobrevivem através da prostituição por não terem outra alternativa.
“O mais importante é apresentarmos alternativas para quem mais precisa. Nós, LGBTs, podemos estar em qualquer espaço, desde que nos deem oportunidades, como a que está acontecendo hoje”, complementou Vinícius Alves, coordenador do Núcleo LGBT da SJDHDS.
Segundo o coordenador da Agenda Bahia do Trabalho Decente, Juremar de Oliveira, o Projeto Corre LGBT, embora seja piloto, ainda prevê uma série de iniciativas para incentivar a inclusão da população LGBT no mercado de trabalho, uma vez que “sem acesso à educação e ao trabalho, não há como ter uma vida digna”.
Além das vagas de emprego (motorista, operador de telemarketing, serviços gerais, promotor de vendas, entre outras), o público, após preencher fichas e receber encaminhamento adequado para cada situação, teve acesso às oficinas de orientação para o trabalho, coaching, empreendedorismo e sustentabilidade financeira; pré-inscrição nos 130 cursos de qualificação e capacitação da Setre em diversas modalidades (alimentação, cultura, esporte lazer etc.) e participação nas turmas de qualificação profissional, nas áreas de cabeleireiro e auxiliar administrativo, para jovens LGBTs de 19 a 29 anos; emissão de documentação (primeira e segunda via de Carteira de Trabalho, CPF e Certidão de Nascimento); cadastro no CadÚnico para receber benefícios sociais e retificação do gênero e nome social com o acompanhamento da Defensoria Pública do Estado.
A cabeleireira Priscila Vitorino, mulher trans, 39 anos, mora no bairro de São Caetano, em Salvador, e esteve na ação em busca de uma oportunidade, mesmo não sendo de sua área. Ela conta que já trabalhou em pequenos salões de bairro, mas nunca recebeu propostas para empreendimentos maiores. “Tem um tempo que estou desempregada. Vir aqui hoje foi bom, porque aprendi várias informações que me dão força para alcançar meu objetivo, que é conseguir um emprego com carteira assinada”, disse, esperançosa.