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Primeira aula do Projeto Trans-Formação discute Gênero e Desigualdades

Redação,
09/05/2019 | 10h05

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Pessoas transexuais, travestis e não-binárias de Salvador e Região Metropolitana participaram, na tarde desta quarta-feira (8), da primeira aula do curso do Projeto Trans-Formação, realizada no Casarão da Diversidade, espaço coordenado pela Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS) no Pelourinho. O primeiro encontro discutiu o tema “Gênero e Desigualdades” com as (os) 23 participantes, que serão capacitadas (os) em políticas públicas e sociais para o empoderamento de pessoas T* ao longo de quatro meses.

“Este curso da ONU estar acontecendo aqui hoje, num espaço de resistência e de luta, é fruto de um trabalho de décadas de várias pessoas LGBTs. O que queremos é ampliar a discussão junto a vocês, para pensarmos em políticas LGBTQI+ fora da caixinha, da capital ao interior da Bahia”, disse Gabriel Teixeira, coordenador do Núcleo LGBT da SJDHDS, durante a abertura do encontro, acompanhado da vice-presidente do Conselho Estadual LGBT, Thati Teylon, e Michele Dantas, do Escritório da ONU Brasil em Salvador.

No primeiro momento, as (os) presentes participaram de uma dinâmica sobre a importância de viver em coletividade, em que trouxeram, conjuntamente, expressões norteadoras para o curso, como “luta coletiva”, “respeito”, “união” e “diálogo”. Em seguida, a coordenadora executiva do Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT (CPDD), Symmy Larrat, suscitou debates a partir dos temas “patriarcado” e “diversidade sexual e de gênero”. “Vozes como as nossas colocam em cheque todas as estruturas de poder. Em qualquer quadrado que estejamos, estaremos subvertendo, incomodando”, comentou.

Para Keila Simpson, coordenadora do Espaço de Sociabilidade e Convivência do CPDD, o Projeto Trans-Formação é a porta de entrada para outras iniciativas de fortalecimento político da população T*. “É um privilégio sermos o primeiro Estado que a ONU escolheu para execução do Projeto. As e os inscritas e inscritos se atentarão para sua formação política e serão repassadores do que vão aprender aqui para suas comunidades”, ressaltou.

Camile da Silva, 27, mulher trans e operadora de telemarketing, e João Hugo, 25, homem trans e assessor de comunicação, ambas (os) participantes do projeto, reforçam como o curso contribui para o fortalecimento individual e coletivo das pessoas trans. Para ela, militante há oito anos, o encontro possibilitará “novas ferramentas, capacitação e crescimento pessoal”. “A troca, de conhecimento e de vivências nesse momento participativo vão reverberar e legitimar quem eu sou, minha militância”, acrescentou João.

Sobre o Trans-formação

A iniciativa da Organização das Nações Unidas no Brasil, por meio da Campanha Livres & Iguais, conta com o apoio SJDHDS, através do CPDD, e do Ministério Público do Trabalho (MPT). O curso promoverá oficinas e atividades culturais através de dois eixos principais: “Pessoal”, que visa a promoção do empoderamento pessoal das (os) participantes, e “Comunitário”, a partir de conceitos como “participação social” e “ativismo nas comunidades”.

O projeto, que aconteceu anteriormente em Brasília, conta ainda com o apoio da Associação Nacional de Travestis e Transexuais – ANTRA, Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos – ABGLT, Associação Baiana de Travestis, Transexuais e Transgêneros em Ação – ATRAÇÃO e do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades – IBRAT.