Pólvora e Poesia: paixão e violência

Genilson Coutinho,
16/05/2011 | 08h05

Depois de duas temporadas de sucesso em Salvador, o espetáculo Pólvora e Poesia, ganhador do Prêmio Braskem na categoria Melhor Espetáculo de 2010, tem conduzido suas apresentações desde o dia 06 de maio até o dia 29 no Espaço Cultural Barroquinha, antiga Igreja de Nossa Senhora da Barroquinha, o local perfeito para um espetáculo secular e humanista. A montagem é dirigida por Fernando Guerreiro, que também ganhou o Prêmio Braskem na categoria Melhor Direção por ela, a partir do texto premiado com o Shell de Melhor Espetáculo de 2001 de autoria de Alcides Nogueira.

 

 

Encenada pelos atores Talis Castro (Athut Rimbaud) e Caio Rodrigo (Paul Verlaine), a peça narra um romance que, de tão arrebatador, perpassa também pelo plano intelectual e por exercícios de domínio intelectual e emocional entre os personagens. Rimbaud é um jovem do interior da França, que sonha com a riqueza cultural da metrópole e entra na vida do seu muso, Verlaine, como elemento desorganizador, após intensa correspondência, alimentando uma chama que nasce à distância, através da poesia. Verlaine é o poeta e funcionário público que está prestes a ter o seu primeiro filho, mas sente-se entediado com a sua vida programada como um relógio de corda.

 

Em um crescente jogo de poder, os personagens extravasam desejos e impõem as suas vontades ilimitadas um sobre o outro até que se consomem em sentimentos, pois onde há paixão sem controle, também pode haver violência. Sua paixão meteórica entra em combustão, brilha belamente e se acaba com a brevidade de tudo o que é intenso demais.

A peça é rica em técnica e poética cênica também: a passagem de tempo é dinâmica e cobre um período bem longo de tempo, com interlúdios delimitados por tiros, solos de guitarra e o lamentar culpado de Verlaine por sua relação homossexual e anárquica com Rimbaud.

Se, por um lado é uma história de amor e poderia ser entre qualquer par de gêneros (homem/homem; mulher/homem; mulher/mulher), por outro se desvela em seu viés político ao levar ao palco, e expor ao público, dentro de uma “ex-igreja, um romance entre pessoas do mesmo sexo em seus detalhes mais tórridos. Romance este que é tão visceral quanto qualquer paixão.

Foto: Genilson Coutinho

 

 

 

SERVIÇO:

Pólvora e Poesia

Onde: Espaço Cultural Barroquinha; Praça Castro Alves, s/n, Barroquinha.

Acesso pela lateral do Espaço Unibanco.

Informações: (71) 9966-0094

Quando: até 29 de maio

Horário: sextas e sábados, 20h; domingo, 19h

Quanto: R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia entrada)

À venda no local.

Bilheteria funciona às sextas, sábados e domingos, a partir das 16h.

Pagamentos só em dinheiro.