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Polícia Militar prende gays em Salvador por troca de selinho no Carnaval

Genilson Coutinho,
22/02/2018 | 15h02

A publicação feita por Ciro já ultrapassou mais de 420 curtidas e 164 compartilhamentos.

Um ato homofóbico, envolvendo policiais militares, durante o Carnaval de Salvador, havia sido denunciado no Facebook pela produtora Renata Hasselman, o designer Círio Fico, 26 anos, e um professor de 34, que prefere não se identificar, que se divertiam na segunda-feira de Carnaval, atrás do trio sem cordas “Respeite as Minas”, no Centro da Cidade.

O caso relatado por Renata na sua rede social aconteceu após os dois amigos darem um “selinho” na boca. Segundo a produtora Renata, a abordagem de um policial foi inadequada, constrangedora e desrespeitosa. “O policial disse que se eles quisessem fazer aquele selinho que fossem para a Barra, que era o lugar deles”, recorda .

Logo depois, os três se encontraram com a mesma patrulha policial, nas imediações da Casa de Itália. Conforme relato da produtora: “os meninos olharam para a patrulha e foi o bastante para despertar a ira do policial, e receberem voz de prisão, sob alegação de atentado público”.

Os dois rapazes foram conduzidos para o Posto Avançado, no Quartel dos Aflitos, seguindo para a Central de Flagrantes. Renata, que resolveu filmar a ação policial por meio de um aparelho celular, inclusive questionou a natureza da prisão, acabou tendo o seu celular apreendido, junto com os demais, sendo impedida sequer de fazer uma ligação.

No Boletim de Ocorrência (B.O) da situação, o oficial da PM, que não teve o nome divulgado, relata que Ciro Fico e o amigo causaram “constrangimento ao público presente” com o beijo, e que a amiga deles teria feito “apologia ao crime ‘beijos lascivos'” por defender os dois.

Copia do boletim de ocorrência:

Além das redes sociais, Renata denunciou o caso ao GGB, e descreveu o comportamento dos policiais e da situação vivida por eles, dentre elas, chacotas e humilhações verbais, praticadas pelos policiais: “você é professor, como é que fica fazendo isso na rua”, teria dito um oficial. O caso foi registrado na delegacia, na classificação de “Desacato e Importunação Ofensiva ao Pudor”.

A denuncia da produtora :

“Um policial conservador pode achar que um selinho de despedida rápido onde as bocas se fecham e se tocam fazendo um leve barulho é um beijo erótico de conotação sexual. A polícia deve entender essas coisas e se eles não sabem lidar com essa situação junto aos LGBTs, que possuem uma cultura indenitária diferente da heteronormativa, é preciso que o Coronel Anselmo [comandante da Polícia Militar] peça ajuda de especialistas sobre o assunto, pois existe um conteúdo produzido pela entidade, junto com PMs gays, que orienta os demais na abordagem policial com LGBTs. Gays jovens se despedem uns dos outros com selinho e o clássico ‘tchau amiga’”, sinalizou Marcelo” .

Segundo a assessoria da Polícia Militar da Bahia (PM-BA), a denúncia foi encaminhada para a Corregedoria institucional. A Polícia Militar solicitou às vitimas que compareçam à sede da Corregedoria da PM para serem ouvidas sobre o ocorrido.