“Peguei AIDS com meu namorado”, conta jovem baiano

Genilson Coutinho,
19/06/2013 | 15h06

Os índices de jovens que têm contraído o vírus HIV nas suas primeiras relações sexuais em Salvador e no Brasil já foram foco de campanha do Ministério da Saúde. Segundo dados do Ministério, o crescimento dos números de contágio tem acontecido por causa a falta do uso do preservativo, o que acontece principalmente durante as preliminares, por escolha ou por confiarem na fidelidade do parceiro.

Essa triste realidade atinge muitos jovens baianos que contrariam o vírus da AIDS dos próprios namorados, ao abrirem mão do uso da camisinha nas relações sexuais cotidianas. Foi o que aconteceu com Ruan, nome fictício do jovem que nos conta como foi contaminado pelo namorado. “A nossa relação já durava seis meses e sempre praticávamos as preliminares sem a camisinha, mas depois colocava. Fazia sempre assim. Sei que foi um vacilo, pois sempre tive informação suficiente sobre o assunto. Abri mão da segurança e fui contaminado”, conta.

Ainda segundo o jovem, com o fim do namoro, ele resolveu fazer o teste e teve a infeliz notícia da sua sorologia positiva. “Vi meu resultado no computador e foi um dos momentos mais difíceis da minha vida. Um silêncio profundo acompanhado de muita tristeza tomou conta minha mente e um monte de pensamentos passaram naquele momento solitário, pois não poderia contar para minha família, como até hoje não contei, e não sei se vou contar. Mas não foi fácil segurar essa barra sozinho”, revelou.

Com a solidão e por não ter com quem conversar, Ruan revela que encontrou na internet, informações e apoio de outros jovens que como ele buscavam um lugar para desabafar, debater assuntos referente a AIDS, além de buscar  como lidar com essa nova realidade. Segundo o jovem, foi nesse grupo que ele conseguiu encontrar força para seguir sem medo de lutar pela vida. “Participei de muitos fóruns com gente de todo Brasil e conheci muita gente de Salvador na mesma condição que a minha. Gente que leva uma vida tranquila com seus namorados e amigos. Isso também serviu como estímulo para mim, principalmente nas minhas decisões”, conta Ruan.

“Com o passar do tempo e com as informações do que é preciso, continuo vivendo”, diz. Aos poucos, Ruan  contou para os amigos sobre sua condição, pois sentiu necessidade de ter alguém para conversar. “Eles são meus amigos e não seria justo viver com esse segredo sem falar com pessoas que me amam e que sei que entenderiam e não deixariam de ser meus amigos”, pontua.

Dado o passo dos amigos, ele procurou cuidados médicos para saber mais sobre como iniciar seu tratamento e obter acompanhamento de um profissional de saúde. Após  realizar todos os procedimentos, Ruan iniciou o tratamento com medicamento no ano passado, com uso diário e acompanhamento de sua médica.

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