Peças publicitárias apelam para o combate a homofobia na 10º Parada Gay

Genilson Coutinho,
25/08/2011 | 18h08

 

Começam a partir de amanhã uma campanha de massa convocando gays, lésbicas, travestis, transexuais e simpatizantes culturais da Bahia a uma verdadeira cruzada contra a homofobia. Duas peças de impacto entram em circulação nesse final de semana e segue até o dia da 10º Parada Gay da Bahia, 11 de setembro. São elas, outdoors da campanha que mostra a imagem de um homossexual masculino com a marca de agressão no rosto, um soco no olho com hematomas. Na peça publicitária criada pela agência Propeg da Bahia aparece escrito os dizeres. Ser Gay não é estranho. Estranha é a homofobia.

Como suporte as duas peças maiores a 10º Parada Gay da Bahia contará com peças menores, como cartazes e folhetos que tem a finalidade de convidar o povo para a Caminhada e transmitir informações sobre o combate a homofobia que na opinião do Grupo Gay da Bahia é uma verdadeira praga do século. “É muito difícil mudar comportamentos históricos, mas a informação correta e a educação libertadora têm poder de transformar, homofobicos em aliados” acredita o antropólogo Luiz Mott, fundador do GGB.

Já a propaganda para a televisão que será vinculada através das emissoras locais apresenta vídeo dramático de um pai lamentando que o filho dele é homofobico, têm ódio e motivado por esse ódio agride e mata homossexuais. A criação da agência buscou trabalhar com o imaginário invertido popular do possível “desgosto” e desapontamento quando pai ou mãe acabam descobrindo que tem um filho gay ou filha lésbica.  Na opinião do GGB a homossexualidade não é algo que desabone a conduta de uma pessoa. É algo que faz parte de sua identidade, sua cultura e seu modo de ver a vida. Gays, lésbicas e pessoas trans não são diferentes que os heterossexuais e tem todas as mesmas habilidades intelectuais e profissionais quando provocadas. A entidade defende que 10% da população brasileira é formada de homossexuais por isso ser gay ou lésbica não é estranho, melhor, não deveria ser considerado como estranho, sim a homofobia que é estranha transformando-se numa epidemia de ódio que matou mais de 260 LGBT no Brasil em 2010.

O Grupo Gay da Bahia (GGB),divulgou em janeiro deste ano  um relatório anual de assassinato de homossexuais  no Brasil em 2010. Foram documentados 260 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no Brasil no ano passado, 62 a mais  que em 2009 (198 mortes), um aumento 113% nos últimos cinco anos (122 em 2007). Dentre os mortos, 140 gays (54%), 110 travestis (42%) e 10 lésbicas (4%). O Brasil confirma sua posição de  campeão  mundial de assassinatos de homossexuais: nos Estados Unidos, com 100 milhões a mais de habitantes que nosso país, foram registrados 14 assassinatos de travestis em 2010, enquanto no Brasil, foram 110 homicídios. O risco de um homossexual ser assassinado no Brasil é  785% maior que nos Estados Unidos.  Neste ano o GGB outorgou o troféu Pau de Sebo ao Deputado Jair Bolsonaro na condição de maior inimigo dos homossexuais do Brasil, considerando que sua cruzada antigay estimula a prática de crimes homofóbicos.

A Bahia pelo segundo ano consecutivo lidera essa lista macabra: 29 homicídios, seguida de Alagoas, com 24 mortes,  Rio de Janeiro e São Paulo com  23 cada. Rio Grande do Norte e Roraima registraram apenas um assassinato cada. Se relacionarmos a população total dos estados com o número de LGBT assassinados, Alagoas repete a mesma tendência dos últimos anos: é o Estado que oferece maior risco de morte para os homossexuais, cujo número de vítimas ultrapassa o total de todos os estados juntos da região Norte do país. Maceió igualmente é a capital onde mais gays são assassinados: com menos de um milhão de habitantes, registrou 9 homocídios, contra 8 em Salvador (3 milhões) , 7 no Rio de Janeiro (6 milhões)  e surpreendentemente, 3 mortes na cidade de São Paulo, com 10 milhões de habitantes.

O combate a homofobia deve ser uma ação de cada um, dos homossexuais, da sociedade e os órgãos públicos ao exemplo do Governo da Bahia que tem buscado empenho para expulsar essa praga para bem longe da Bahia de Maria Quitéria, Jorge Amado e de todos nós.

A 10º Parada Gay da Bahia acontece no dia 11 de setembro e tem concentração a partir das 11hs no Campo Grande Centro de Salvador. A previsão de final do evento é para as 21h. É uma realização do GGB e tem como apoio, Governo da Bahia, e Prefeitura de Salvador.

Confira o vídeo da campanha

Serviço

Título: GGB Depoimento

Anunciante: GGB

Produto: 10ª Parada Gay

Agência: Propeg

Criação: Paula Martins, Irene Carballido, Lucas Reis

Direção de criação: Ana Luisa Almeida, Ariston Quadros e Fabiano Ribeiro

Atendimento: Michele Estevez

Produção RTVC: Cicy Freitas, Tiago Cavalcanti e Manuela Peixoto

Mídia: Eder Galindo

Produtora: Malagueta Filmes

Direção/filme:  Marcia Tucunduva

Fotografia: Rogério Sampaio

Produtora de som: Estúdio Elos

Fonte: GGB