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Palestra de falsa psicopedagoga sobre ‘prevenção e reversão’ da homossexualidade gera repúdio

Genilson Coutinho,
22/11/2016 | 14h11

 Bhaz

Uma palestra promovida pela Igreja Batista Getsêmani Portugal sobre “prevenção e reversão” da homossexualidade gerou revolta na internet e repúdio da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPP). O evento, que será realizado na quinta-feira (24), a partir das 19h30, terá como palestrante a pastora Isildinha Muradas, que chegou a ser apresentada como psicopedagoga.

“Não a reconhecemos como psicopedagoga porque ela não está na lista de associados na entidade em Minas nem mesmo na nacional. Somos contrários a qualquer tipo de discriminação de qualquer natureza, sobretudo a de gênero. É um absurdo o que ela está propondo e está usando indevidamente o nome da psicopedagogia, profissão pela qual lutamos há 35 anos. Ela deve ser denunciada e recriminada”, afirmou ao Bhaz a presidente da ABPP, Regina Rosa Leal.

Após revolta na internet de diversas pessoas, a Getsêmani Portugal preferiu deletar a publicação e criar um outro anúncio, este sem o termo psicopedagogo e à menção a “prevenção e reversão” da homossexualidade. “Preferimos colocar o tema mais amplo da palestra, que é a orientação aos pais sobre a sexualidade dos filhos. Mas vamos abordar sim o subtópico [sobre a prevenção e reversão]”, disse o pastor da igreja, Clóvis Costa Santos, ao Bhaz.

Sobre a polêmica envolvendo o nome da psicopedagogia, o pastor explicou que foi um erro dele. “Eu pensei que era a formação dela. Na verdade, a Isildinha é odonto-pediatra e pedagoga também. Ela é formada na área ministerial e pastora na Igreja Batista. Portanto, uma profissional confiável, jamais colocaríamos algum aventureiro para dar palestra”, diz o religioso.

Quanto às críticas recebidas por internautas, Santos relativiza. “Qualquer tema sobre homossexualidade, principalmente advindo do meio religioso, será polêmico. Principalmente porque a posição cristã é de oposição à conduta daqueles que se dizem homossexuais e aceitam a questão homoafetiva. Porque é uma questão ideológica. Somos acusados de homofóbicos, mas ao mesmo tempo, muitos são cristofóbicos. Hoje temos, no país, os direitos de liberdade de ideias, princípios e manifestação. Por que quando há uma manifestação que não coincide com o que pensa o movimento LGBT, somos censurados? A democracia, desta forma, é unilateral e nossa intenção como igreja é trabalhar nossas famílias, crianças e nossos adolescentes”, conclui.

A palestra de Isildinha Muradas, apesar da reformulação do anúncio e do repúdio da ABPP, está mantida para a próxima quinta-feira. O evento ocorrerá na Igreja Batista Getsêmani Portugal, na avenida Portugal, 300, no bairro Jardim Atlântico. A participação é aberta a todos.

O Bhaz tentou contato com Isildinha Muradas, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.