Palavra do presidente:Papa Francisco abriu as portas da Igreja aos gays

Genilson Coutinho,
03/08/2013 | 00h08

Marcelo Cerqueira*

O papa Francisco em sua visita ao Brasil confirmou a popularidade não somente entre os peregrinos que invadiram a cidade do Rio de Janeiro, mas também abriu espaço de esperança com palavras de conforto para os homossexuais, pessoas que apesar dos avanços em direitos ainda são vítimas do ódio e da intolerância homofóbica. As declarações do pontífice “Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?” ditas na hora da partida instauram uma nova esperança de diálogo mais cristão e amoroso da Igreja com 10% da população mundial constituída por LGBT, lésbicas, gays, bissexuais e transexuais.

Essa relação nunca foi fácil, já que marcada pela dor e muitas vezes pela intolerância da Inquisição que perseguiu, degredou e queimou incontáveis homossexuais e continuou demonizando até os nossos dias, ou melhor, até poucos dias graças ao olhar positivo de Francisco. Suas declarações tornam meio que sem efeito as de seus antecessores como o papa Bento XVI que divulgou aos cristãos que a homossexualidade é algo intrinsecamente mau e também uma desordem objetiva.

 

Orientando que “homossexualismo” é coisa do diabo, que é o pai da maldade, pois não pode produzir bons frutos, uma árvore má dá maus frutos deve-se erradicar assim os homossexuais que iriam todos para o inferno por serem intrinsecamente maus, intrínsecos portadores dessa maldade destrutiva. Sua Santidade emite a ideia de que os homossexuais ameaçam a ordem dominante, vão de encontro à natureza da cultura predominante, bagunçam a ordem natural da relação homem e mulher e o que seria a ideia de família na concepção religiosa.
Essas ideias ganharam seguidores entre os cardeais que, por meio da imprensa, expressam suas opiniões sobre homossexuais, esquecendo-se da prática do amor ao próximo. Em Salvador, dom Lucas Neves, cardeal em 1997, disse: “O Projeto de Parceria Civil Registrada é deseducativo e lesivo aos valores humanos e cristãos” .
No Rio de Janeiro, dom Eugenio Sales, cardeal do Rio, em 2003 foi ainda mais cruel: “Os homossexuais têm anomalia. A Igreja é contra e será sempre. Todos os fiéis são obrigados a se posicionarem contra o reconhecimento legal das uniões homossexuais, os políticos católicos têm o dever moral de manifestar clara e publicamente seu desacordo e votar contra”, declarou o cardeal.
O papa Francisco com suas declarações abriu simbolicamente as portas das igrejas para os homossexuais. Uma esperança que o mundo faça mais amor e menos guerra! E que a Igreja, todos os cristãos e adeptos de todas religiões sigam o ensinamento áureo do Mestre do Divino Amor: “Amai-vos uns aos outros”, sem acepção de pessoas, pois, onde há amor, Deus aí está, disse o discípulo amado de Jesus.

* Marcelo Cerqueira é presidente do GGB (Grupo Gay da Bahia)