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Teatro

O retorno de “Godó, o mensageiro do Vale” no palco Teatro Sesi Rio Vermelho

Genilson Coutinho,
28/08/2019 | 11h08

Foto: Gabrielle Guido

Depois de ganhar os palcos de São Paulo, Minas Gerais e Portugal no ano passado, o espetáculo “Godó, o mensageiro do Vale”, monólogo escrito e interpretado por Caco Monteiro, e dirigido pelo inglês John Mowat, retorna a Salvador em setembro no Teatro Sesi/Rio Vermelho.

A volta do monólogo se deve não apenas ao sucesso que obteve em Salvador e em todas as praças por onde passou, mas, principalmente, pela atualidade da sua temática. “Hoje, diante da escalada do desmatamento e de outras tragédias socioambientais, “Godó” tornou-se mais atual do que nunca, um libelo contra o estado de coisas”, brada Caco Monteiro.

Ficção inspirada em fatos reais, acontecidos no Vale do Pati, na Chapada Diamantina, na Bahia, os quais acabaram condicionando a vida dos moradores, que foram obrigados a deixar o local após um decreto governamental que proibiu o cultivo do café, no final da década de 1960, além de dialogar com questões socioambientais e antropológicas, “Godó” é uma imersão no mundo mágico de uma região que se manteve praticamente isolada da civilização.

Com uma narrativa que usa do recurso do flashback, Godó, aos noventa anos, leva o espectador ao seu mundo fabular, retornando a infância, ao convívio com o pai e a mãe, além da galinha Zenaide e do amigo imaginário Biziu. E, vivendo cada qual, em um desdobramento interpretativo que reforça o sentido da dramaturgia, mas, também, revela a versatilidade do ator, o espetáculo acaba sendo um instrumento de reflexão a respeito da existência, dos sonhos e do próprio sentido da finitude.

“Antes de sair da Bahia, me questionava se “Godó” seria capaz de alcançar o coração de outras aldeias, por conta do seu aporte regional. Para a minha grata surpresa, o personagem inspirou diversos corações nacionais e internacionais sobre a questão ambiental, confirmando o que disse russo Leon Tolstói: ‘Se queres ser universal, comece por pintar a sua aldeia’! ”, diz Caco Monteiro.

A construção do personagem Godó, nome que se origina de um purê de banana, muito apreciado na Vale do Paty, se deu por via de longos ensaios com John Mowat, nos quais Caco Monteiro o aprimorou dentro do conceito do Teatro Físico e Visual. O diretor inglês fez parte do grupo teatral português Chapitô, responsável pela encenação de Édipo, Drácula e O Grande Criador, entre outros sucessos.

Ator e produtor cultural, Caco Monteiro, 59 anos, trafega entre o teatro, o cinema e a televisão. Já ganhou diversos prêmios, como o Martim Gonçalves de Melhor Ator, em 1983, pela sua atuação na peça O Inspetor Geral, de Gogol. No cinema, participou de dezenas de filmes, entre eles a produção internacional Dawson, Isla 10 (2008), de Miguel Littin, Irmã Dulce (2014), de Vicente Amorim, e Faroeste Caboclo (2011), de Renê Sampaio. Na televisão, participou de Laços de Família, em 2000, além de atuar em outras novelas e seriados da Rede Globo. Em 2016, foi assistente de direção de Deborah Colker na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio.

Onde: Teatro Sesi/Rio Vermelho

Quando: Todas as Quintas e Sextas de Setembro. Estréia 05 de Setembro.

Hora: 20h

Quanto: Meia R$ 25,00 e Inteira R$ 50,00